O recente debate nacional a respeito da possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff chegou à imprensa internacional. Nesta quarta-feira (11), as principais notícias sobre o termo “impeachment” em inglês são relacionadas ao Brasil, segundo a área de busca por notícias do Google (até um dia antes, apareciam com mais destaque reportagens sobre lugares como a Tailândia). A imagem que se passa é a de um país em meio a turbulências políticas influenciadas por corrupção e por uma abordagem emocional do tema, mas aparenta haver interesse em mostrar que há caminhos menos radicais que podem levar o país de volta à estabilidade.
Independentemente de simpatizar ou não com o governo e a presidente reeleita, é importante destacar que, em termos de imagem internacional, a estabilidade institucional da política brasileira alcançada durante os governo de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva são um marco que ajudou a fazer com que o Brasil fosse visto no resto do mundo como um país sério e confiável – e isso continuou após a eleição de Dilma. O mundo inteiro desconfia de repúblicas instáveis e em que as “regras do jogo” são alteradas com frequência, e o importante é ter sempre um caminho seguro a ser trilhado pela política nacional.
O apoio internacional, especialmente dos Estados Unidos, ao golpe militar que tomou o poder do Brasil em 1964 é uma fonte de constante preocupação quando se fala em estabilidade e soberania da política brasileira. Pode-se ver como positivo, portanto, que as primeiras reações da imprensa internacional e de comentaristas estrangeiros a respeito do atual debate nacional sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff têm um tom mais moderado de que de alguns brasileiros da oposição, e sempre respeitando as decisões democráticas brasileiras.
A principal reportagem em destaque foi publicada pela agência Reuters e reproduzida em vários veículos internacionais. O título avisa logo que a derrubada da presidente é “improvável”. “Em entrevistas à Reuters, legisladores em geral diminuíram o risco de impeachment, mas se negaram a dizer que não há chances de ele ocorrer”, diz a agência.
Dilma “não encara um risco imediato de impeachment”, diz a reportagem, que completa alegando que isso pode mudar se houve provas de envolvimento dela na corrupção da Petrobras. Segundo a Reuters, protestos pedindo nas ruas a derrubada da presidente “reuniram poucas centenas de pessoas e líderes da oposição tomaram cuidado para se distanciar”.
Para o consultor americano Jim Wygand, o importante é abordar o tema de forma equilibrada. “Os recentes pedidos pelo impeachment de Dilma e/ou a prisão de Lula são uma resposta emocional a questões políticas muito sensíveis do ponto de vista legal, social e político. A esperança é que cabeças mais frias prevaleçam”. Wygand atua como consultor internacional para assuntos relacionados ao Brasil desde os anos 1960, assessorando políticos, órgãos internacionais e empresas estrangeiras no país, e é um forte crítico da postura do governo brasileiro em relação à economia do país. Ele publica regularmente suas opiniões contrárias ao governo em seu blog, em inglês – ainda assim, ele acha um exagero perigoso falar em impeachment.
Segundo uma reportagem publicada no site da revista americana Barrons, a agência de risco Eurasia Group vê uma chance de 20% de impeachment no Brasil. A análise diz que seria preciso provar envolvimento de Dilma com corrupção e haver um distanciamento entre ela e o ex-presidente Lula. “A confluência de um crescente escândalo na Petrobras, crises iminentes de água e energia e um congresso mais independente aceleraram uma queda no apoio público de Rousseff mais veloz de que o antecipado”, diz a Barrons, citando o grupo Eurasia.
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