O número de casos de dengue no Brasil aumentou 57,3% em janeiro de 2015, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foram 40.916 casos notificados até 31 de janeiro, contra 26.017 em 2014. Por outro lado, a quantidade de casos graves e de óbitos diminuiu. Em janeiro de 2014, 37 pessoas morreram em decorrência da doença, principalmente em Pernambuco, Goiás e Ceará. Este ano, foram seis mortes, sendo que metade delas em São Paulo.
O Ministério da Saúde está preocupado com a seca em alguns estados brasileiros, como São Paulo. O estado, com 17.612 casos da doença em janeiro deste ano, frente a 2.134 no mesmo período de 2014, contribuiu decisivamente para a elevação de notificações no Brasil. Caso São Paulo fosse excluído da conta, teria havido uma redução no número de casos. Embora evite dizer que a crise hídrica esteja contribuindo para a proliferação da doença, o ministro Arthur Chioro alerta que ela incentiva o armazenamento de água. Se os recipientes não forem cobertos, isso acaba formando vários criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue.
— É inquestionável que a crise hídrica apresenta uma situação de risco maior à proliferação de Aedes aegypti. As pessoas vão usar piscina de criança, balde, caixa d’água destampada.
Segundo ele, não há problema de armazenamento, mas é respeitar as regras:
— Água limpa e parada, mesmo que seja armazenada água de chuva, vai aumentar o risco de proliferação do mosquito, das larvas. O condicionamento correto é decisivo na colaboração das famílias, da sociedade neste momento — disse Chioro, concluindo: — Não posso atribuir o aumento do número de casos à crise hídrica, mas não podemos descartar a correlação e o potencial de risco que isso traz.
Embora São Paulo seja o estado com mais notificações, a pior situação é no Acre, onde a taxa de incidência da doença é de 338,3 casos por 100 mil habitantes. Em janeiro de 2014, o índice era de 16,8. Somente a cidade de Cruzeiro do Sul registrou 2.305 dos 2.673 casos no estado. Goiás, que está em segundo lugar, tem taxa de 97,9. Apesar de elevado, o índice representa uma queda em relação a janeiro de 2014, quando estava em 111,5. Em terceiro lugar vem Mato Grosso do Sul, com 42,9 casos por 100 mil habitantes, seguido por São Paulo, com 40. Diferentemente de Goiás, esses dois estados tiveram um crescimento expressivo da doença. Em São Paulo, a incidência era de 4,8 casos por 100 mil habitantes em janeiro de 2014.
No Estado do Rio, onde a incidência é de 9,8 notificações por 100 mil habitantes, o crescimento do número de casos foi de 12,64% entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano, passando de 1.431 para 1.605. O município em que a situação é pior é Resende, no Sul Fluminense. Foram registrados 1.292 casos em janeiro deste ano, ou 1.039,3 para 100 mil habitantes. No estado, a quantidade de casos graves caiu de dois para um no mesmo período. Os casos com sinais de alarme diminuíram de 19 para dois. As mortes decorrentes da doença também tiveram queda: de duas para uma.
QUEDA EXPRESSIVA NO ESPÍRITO SANTO
Outros estados em que o número de casos mais que dobrou de janeiro de 2014 para janeiro deste ano foram: Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Sul, Amapá e Pernambuco. Ao todo, a quantidade de casos aumentou em 14 estados e diminuiu em 12 e no Distrito Federal. A queda mais expressiva foi no Espírito Santo: 72,4%, passando de 2.420 casos em janeiro de 2014 para 669 em janeiro deste ano. Distrito Federal, Amazonas, Paraíba, Alagoas e Mato Grosso também registraram este ano menos da metade dos casos observados em janeiro do ano passado.
O município com pior incidência da doença é Trabiju (SP): foram 111 casos na cidade de 1.650 habitantes. Isso significa uma taxa de 6.727,3 casos por 100 mil habitantes. Em seguida vêm Iguatama (MG), onde a taxa é de 4.450,1; São João de Caiuá (PR), com 3.276 casos por 100 mil habitantes; e Guararapes (SP), em que o índice chega a 2.847,3, empatado com Cruzeiro do Sul (AC), também com 2.847,3 casos por 100 mil habitantes. Na lista das 20 cidades em que a situação é pior, seis são de São Paulo; cinco, de Goiás; três, do Paraná; duas, de Minas Gerais; duas, de Mato Grosso do Sul; uma, do Acre; e uma, do Ceará.
Hoje, Chioro participa do “Dia D” da mobilização contra a dengue e a febre chikungunya, em Valparaíso de Goiás, a 40 km do centro de Brasília, na divisa com o DF. Em 6 de dezembro do ano passado, já tinha sido realizado outro “Dia D”, no Rio.
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