Num verão tão, mas tão quente, em que costuma-se dizer que há um sol no céu para cada pessoa, cuidado é mais do que recomendável, é estritamente necessário. Ou então o resultado pode ser devastador para sua saúde e sua beleza: além de queimaduras, manchas e até doenças de pele. Para evitar quaisquer desses problemas, o aliado mais simples e eficaz é velho conhecido: o protetor solar.
Vice-presidente da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro, o dermatologista Egon Daxbacher reforça que os cuidados com os efeitos do sol não devem existir só nos dias de praia e piscina:
— Os danos de exposições diárias, a longo prazo, podem ser maiores do que em eventuais. Se uma mulher vai trabalhar com o cabelo preso, tem que aplicar protetor nas orelhas. Se a roupa for decotada, no colo. Assim, protege e evita o envelhecimento precoce.
Saidinhas rápidas também merecem atenção:
— Caso a pessoa deixe o escritório para almoçar ou vá embora com o dia ainda claro, é preciso reaplicar o protetor, porque o produto não age durante todo o dia. E isso vale para dias nublados e chuvosos.
Nem vilão nem mocinho
Importante para a absorção da vitamina D, essencial na síntese do cálcio do corpo, o sol não pode ser considerado vilão. A dermatologista Vanessa Zagne, do consultório Zagne&Bauk Dermatologia, explica que só o fato de não aplicarmos o filtro corretamente faz com que obtenhamos radiação suficiente para o bom funcionamento do organismo.
— A medida certa para aplicar e reaplicar após duas horas, após suar muito ou ter contato com a água é uma colher de chá de protetor para o rosto e para o pescoço, uma colher de sopa para o peito e a barriga, uma colher de sopa para as costas, uma colher de sopa para os dois braços e uma colher de sopa para as pernas — detalha Vanessa.
Dica da especialista
Muita gente não entende o que significa os termos e a numeração de proteção que um filtro traz em sua embalagem. Os raios ultravioletas são emitidos pelo sol. O “UVA” é irradiado ao longo do dia, penetra profundamente na pele e pode causar envelhecimento, já o “UVB” é emitido das 10h às 16h, não penetra tão profundamente, mas pode causar câncer de pele. “A pessoa fica vermelha com uma determinada dose de radiação. Então, quando se lê FPS 30, é porque vai demorar 30 vezes mais tempo para a pele ficar vermelha. Quanto maior o fator de proteção, mais tempo leva para a pele se queimar em exposição ao sol”, explica a dermatologista Vanessa Zagne. Ela ainda detalha as diferenças entre protetor físico e químico: “A nomenclatura correta é filtro solar ou protetor solar. O nome bloqueador não está certo. Dá a impressão de que protege mais, mas o que acontece é que ele reflete a luz que bate nele. É justamente essa a ação do filtro físico. Por outro lado, há o filtro químico, que absorve a radiação, impedindo que ela atinja a pele. Há alguns produtos que mesclam as duas características. Para saber qual é o mais indicado para o seu tipo de pele, o ideal é procurar um médico dermatologista”.
Rosto
Há quem prefira usar um filtro solar específico para a área do rosto. Nesse caso, é preciso saber o que se quer para escolher o melhor produto. “No caso de pele seca ou normal, o ideal é usar um gel-creme ou creme. Já quem tem a pele oleosa precisa escolher um que seja oil control (porque tem o efeito esponja), séruns, water gel ou oil free”, ensina a dermatologista Vanessa Zagne. Há também os protetores com antioxidantes, que ajudam a cuidar ainda mais da pele: “Eles são mais indicados para quem já tem a pele danificada pelo sol ou para prevenção. É bem interessante para mulheres a partir dos 40 anos, porque evita a destruição do colágeno pelo sol”.
Protetor x Maquiagem
Protetores com antioxidante e cor, de maneira geral, são indicados para peles mais maduras e com manchas. “Gosto de receitá-los para quem está em tratamento de pele, porque protegem contra toda luz visível (do sol, elétrica, da tela do computador...)”, explica Vanessa Zagne, que prefere os filtros coloridos à maquiagem: “Eles tendem a ser mais confiáveis, porque a maquiagem não foi desenvolvida por um dermatologista, é um cosmético”. Egon Daxbacher pontua o fato de o produto também ajudar a camuflar as manchas: “Por ter cor, ele funciona como base, que também reflete os raios ultravioletas, justamente por causa da pigmentação”.
Corpo
Os filtros mais fluidos ou em spray são os preferidos de alguns dermatologistas por terem uma melhor espalhabilidade, o que evita deixar alguma parte do corpo exposta. “O ideal é aplicar e espalhar com a mão, para não ficar com a pele listrada. Esses filtros são boa opção para quem tem muitos pelos”, diz a dermatologista Vanessa Zagne, acrescentando: “Não é indicado usar protetor com bronzeador, a não ser que o produto tenha autobronzeador, aqueles com cor que te deixam bronzeada ao passar na pele. Se o produto está protegendo, não pode estar bronzeando ao mesmo tempo”. Para Egon Daxbacherra, um ponto a que as pessoas devem prestar atenção, principalmente aqui no Rio, é o fator de proteção. “Vivemos num lugar com alto índice de radiação ultravioleta. Um filtro com fator abaixo de 30 não é recomendável”, alerta o especialista, avisando não haver problema em usar protetor solar corporal no rosto: “Quem não tem algum tipo de problema de pele nem sofre com oleosidade, pode usar o mesmo no corpo e no rosto, tranquilamente”.
Proteção labial
Muita gente não sabe nem percebe, mas os lábios inferiores sofrem com a incidência do sol, o que causa envelhecimento e danos que, futuramente, podem virar câncer. “A regra, nesses casos, é a mesma para os filtros corporais e faciais: a aplicação deve ser feita 20 minutos antes da exposição ao sol e a reaplicação deve acontecer a cada duas horas. Se os lábios secarem não é preciso passar o protetor de novo. Os ativos já foram absorvidos pela pele”, explica Egon Daxbacher, que não vê problema no uso de batom em cima do protetor: “O bom é que o pigmento reflete a radiação, ajudando na proteção. Mas substituir o filtro por batom com fator de proteção não é recomendável”.
Infantil
Somente crianças a partir dos 6 meses de idade podem ser expostas ao sol, a ponto de ser necessário o uso de filtro solar. E não é qualquer produto que a pele dos pequeninos aceita... “A mãe deve optar por um protetor físico e hipoalergênico. Também indico o uso de roupas cujo tecido proteja a pele da radiação. Tem blusa, chapéu, diversos artigos. O bom é que protegem e não há a necessidade de reaplicar o produto”, explica Vanessa Zagne. Além desses, o vice-presidente da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro pontua outros cuidados que os pais devem ter com seus filhos em dias de brincadeiras ao ar livre: “Deixe a criança o máximo possível na sombra e lhe dê muita água, para não haver risco de insolação”.
Protetor via oral
Os comprimidos que prometem ajudar a combater os danos do sol possuem uma substância antioxidante que, ao ser ingerida, modifica o DNA, reparando os danos que a radiação causa. “Não existe um tempo determinado para esse tipo de medicação, mas ela geralmente é usada de novembro a março por pessoas acima dos 35 anos que estão focando no rejuvenescimento. Para os muito jovens, não é necessário”, pontua Vanessa Zagne. O também dermatologista Egon Daxbacher enfatiza que o uso do protetor via oral não descarta a aplicação do filtro solar sobre a pele: “O oral é muito indicado para pessoas que sofrem com problemas de pele, como melasma e lúpus, já que aumenta a proteção para a questão não se agravar. Só que não livra a pessoa da proteção tópica”.
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