Desmatamento na Amazônia Legal cai 82% em 10 anos, diz governo

A taxa anual de desmatamento na área da Amazônia Legal – que abrange os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins – caiu 82% nos últimos 10 anos, informaram nesta sexta-feira (14) os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente.

Se entre agosto de 2003 e julho de 2004, uma área de 27.772 km² foi desmatada, no mesmo período de 2013 para 2014, foram 5.012 km², conforme o mapeamento consolidado do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), sistema oficial de medição que analisa 214 imagens de satélite.

A área desmatada de 2013 para 2014 representa uma queda de 15% em relação ao ano anterior, quando foram suprimidos 5.891 km². A medição é feita entre os meses de agosto e julho porque compreende o chamado "calendário do desmatamento", relacionado com as chuvas e atividades agrícolas.

Dentro da série histórica de mapeamento, realizada desde 1988, o ano de 2004 registrou a segunda maior alta nas taxas de desmatamento da Amazônia Legal, só menor que em 1995, quando foi desmatada área de 29.059 km².

A alta de 2004 levou o governo a lançar, naquele ano, o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que envolveu a criação de áreas de proteção e posteriormente reforço na fiscalização e combate a desmates ilegais.

Ao falar sobre o período mais recente, 2014-2015, ainda não analisado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a expectativa é de continuidade da redução da taxa de desmatamento.

“As expectativas que eu tenho de campo do Ibama é que continuamos a ter muita degradação, e temos áreas com incremento de alertas. Mas a fiscalização não relatou expectativa de crescimento do desmatamento. Mas é tudo especulação, e eu não trabalho com especulação, trabalho com dados que o Inpe vai tornar disponível”, disse.

A legislação brasileira sobre mudança do clima determina que até 2020 a taxa anual de desmatamento chegue no máximo a 3.915 km² na Amazônia Legal. “Pode chegar no ano que vem, é desejável. Eu tenho que manter ou reduzir mais ainda, porque parte dessa taxa tem desmatamentos ilegais. Eu estou trabalhando para atingir antes”, afirmou Izabella Teixeira.

Nos próximos anos, o governo também espera poder calcular o quanto vem sendo reflorestado, especialmente da recomposição de áreas devastadas exigida pelo Código Florestal, aprovado em 2012.

Estados
Na última década, os estados que mais reduziram a taxa de desmatamento foram Mato Grosso (-91%), Rondônia (-82%) e Pará (-79%). Os que menos reduziram foram Acre (-58%), Amapá (-33%) e Roraima (-30%). No último período analisado (2013-2014), estes estados foram os únicos que registraram aumento da área desmatada.

Ao apresentar os dados, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, explicou que, no Acre, por exemplo, o maior desmatamento se dá em pequenas áreas agrícolas legalmente, dentro do limite permitido pelo Código Florestal (20% da propriedade).

“Segundo tem o fenômeno dos assentamentos rurais, de reforma agrária, que retira floresta em área autorizada de uso. Terceiro, tem uma demanda de populações tradicionais para gado e agricultura de subsistência. Também tem ocupação urbana, expansão de cidades”, disse a ministra. “Roraima e Amapá são estados que estão aumentando a população por imigração”, completou depois o coordenador do programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano.