O uso econômico da biodiversidade da Amazônia, em diálogo com os avanços da chamada Quarta Revolução Industrial (inteligência artificial, robótica, internet das coisas, genômica, edição genética, nanotecnologias, impressão 3D ) é uma via capaz de mudar o destino a que a maior floresta do planeta parece estar condenada caso sigamos no atual modelo de desenvolvimento da região, diz um estudo publicado nesta segunda (19) no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).
O trabalho é liderado pelo pesquisador brasileiro Carlos Nobre, climatologista formado pelo MIT. Os autores defendem que floresta amazônica tem recursos biológicos para impulsionar a nova revolução industrial se a sua biodiversidade for protegida.
Novas tecnologias digitais como impressão 3D e computação quântica criam o potencial para que as plantas únicas da Amazônia conduzam a avanços importantes na medicina e na engenharia, diz o estudo.
“Promovendo os vastos bens da biodiversidade e da biomimética da Amazônia podemos aspirar desenvolver inovações revolucionárias em campos diversos”, afirmou Juan Carlos Castilla-Rubio, um dos autores do estudo e presidente da Space Time Ventures, uma empresa de tecnologia brasileira.
"Por exemplo, uma duradora espuma produzida por uma espécie de sapo tem inspirado a criação de novas tecnologias para capturar dióxido de carbono da atmosfera.”
Plantas amazônicas também poderiam levar a descobertas em relação a antissépticos, cremes contra rugas, remédios ginecológicos e drogas anti-inflamatórias, se elas forem combinadas com novas tecnologias, afirmou o estudo publicado
O desmatamento e as mudanças climáticas estão ameaçando tornar a maior floresta tropical do mundo numa savana seca, destruindo o potencial biológico, declarou o estudo.
Se mais de 40% da floresta for arrancada, o processo resultante de savanização poderia se tornar irreversível, segundo o estudo. Atualmente cerca de 20 por cento da floresta da bacia amazônica foi derrubada.
“Se as coisas continuarem como estão, a Amazônia vai se transformar em savana. Isso tem enormes consequências”, afirmou Castilla-Rubio.
O Brasil reduziu o índice de desmatamento ilegal em quase 80% na última década, de acordo com o estudo, o que mostra que ainda há tempo de impedir que a floresta se torne uma savana.
A proteção dos direitos indígenas à terra, o combate às mudanças climáticas e a concessão dos incentivos corretos para que empresas deixem de extrair os recursos naturais são cruciais para reduzir ainda mais o desmatamento, disse Castilla-Rubio.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!