Os Veículos Aéreos Não-Tripulados (Vants), caso dos drones, de maneira geral, já são conhecidos por um grande número de pessoas. Entre as maneiras de se tirar um bom proveito dessa ferramenta, é usá-lo na área agrícola.
Para que seu uso seja efetivo no setor agropecuário, softwares são desenvolvidos para fazer diagnósticos da lavoura, com tratamento das imagens fotografadas pelo Vant e coleta de dados georreferenciados da área de uma fazenda. É possível, por exemplo, “determinar a área ocupada, por nematoides, por plantas invasoras, identificar falhas de plantio, medir porcentagem de cobertura vegetal, dentre outras ações, fazendo com que se tenha um gerenciamento mais preciso da lavoura”, como explica o pesquisador Lucio Jorge, da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP).
Durante o Showtec 2015, o pesquisador apresentou dois softwares, gratuitos, desenvolvidos pela Embrapa que fazem esse trabalho de decodificação das imagens captadas pelo Vant: o SISCob e o GEOFielder. No Estande da Embrapa, nos dias 21 e 22, o público teve a oportunidade de entender, tirar dúvidas e ver em campo o funcionamento do equipamento e o resultado da decodificação das imagens feitas.
O produtor rural, Guaracy Boschilha Filho, assistiu à palestra e a demonstração e ficou interessado em utilizar o drone associado aos softwares da Embrapa – principalmente ao saber que são de acesso gratuito - desde o lançamento dos programas de computador, já foram feitos mais de 30 mil downloads. A primeira vez que Guaraci conheceu as vantagens da tecnologia dos Vants para a área agrícola foi durante sua pós-graduação em Manejo do Solo, na disciplina sobre controle biológico.
“É muito interessante, porque, ao mesmo tempo em que tem como visualizar a área onde estão as pragas, o drone solta os predadores que vão fazer o controle”, contou. Sua esposa Angélica Boschilha também gostou da ideia e diz que pensam em adotar a tecnologia. “Depois a Embrapa pode ir até lá fazer experimentos e ver se está dando certo”, sugeriu.
Benefícios
Cada área dentro de uma lavoura possui suas particularidades. E é a possibilidade de identificar essas diferenças causadas por pragas, deficiências, doenças ou mesmo variabilidades da propriedade é que torna essa tecnologia tão benéfica. “Tratar as áreas como não uniformes possibilita ao produtor rural a economia de insumos, a redução de impactos ambientais e o aumento da produtividade”, afirma Lucio Jorge. O pesquisador também destaca a qualidade das imagens, que possuem alta resolução.
A flexibilidade de operação é outro aspecto de destaque no uso de drones e softwares específicos. Isso permite idas a campo a qualquer momento que se deseja. O custo de operação, tendo somente o custo de algumas trocas de baterias com o tempo, ou à combustão, não passando de 1 litro de gasolina por voo.
Porém, cuidados em voo requerem treinamentos. Além disso, a manutenção rotineira e os procedimentos de voo requerem um profissional dedicado e treinado. “Vários relatos de problemas ou quedas dos sistemas se deve a falha operacional. Assim, investir em drone é também investir em um técnico dedicado todo o tempo na operação e manutenção da aeronave”, alerta o pesquisador.
Seguros e eficientes
O programa que trata as imagens fotografadas é o SISCob. O outro software é o GEOFielder, que coleta dados georeferenciados em campo. Lucio Jorge explica que o GEOFielder junta as fotos em formatos de mosaicos precisos para depois fazer o processamento. “Como as imagens são fotografias de pequeno formato, é necessário montar as imagens para se ter uma ideia da área da fazenda inteira”, explica.
Segundo ele, esses softwares foram transferidos para a empresa Stonway que oferece mensalmente cursos de capacitação em cada um deles. Segundo o pesquisador, a princípio, são cursos voltados para consultores agrícolas, porém não exigem um conhecimento específico para operá-lo. “O software só contabiliza as ocorrências de diferenças no campo. Mas, uma vez verificadas, dependendo da experiência do técnico, a resposta que ele deseja é imediata”, explica.
Custos
Os softwares são baixados sem nenhum custo na página da Embrapa Instrumentação (labimagem.cnpdia.embrapa.br). Já os drones não são produzidos pela Embrapa, mas podem ser adquiridos no mercado desde R$ 5 mil até R$ 300 mil, dependendo do tipo de sensor que for utilizado.
Lucio explica que não são todos os sensores que permitem a mesma solução. Portanto, é necessário entender a necessidade no campo. Sensores simples são para imagens no espectro visível, para se ver biomassa; estresse nutricional é preciso utilizar sensores infravermelho; estresse hídrico deve-se usar câmeras térmicas; e no caso de doenças, sensores hiperespectrais, Cada um exige um tipo de processamento diferente.
“O SIScob só ajuda a primeira categoria de análises, aquilo que está visivelmente detectável. Mas outros softwares estão sendo feitos e serão lançados este ano para comporem as soluções de monitoramento com drones”, afirma.
Estande da Embrapa
Com a coordenação da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), participam do Showtec no Estande da Embrapa, a Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Instrumentação (São Carlos, SP), Pantanal (Corumbá, MS), Solos (Rio de Janeiro, RJ) e Soja (Londrina, PR).
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