Mulher sofria abuso psicológico e conta que foi bem atendida na unidade policial.
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Após o assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, no dia 12 de fevereiro, muitos relatos de descaso na DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) foram expostos, mas uma exceção surgiu.
Uma mulher, que preferiu não se identificar, contou que no dia 7 de janeiro procurou a DEAM após 14 anos de casamento, abuso psicológico e ameaças.
Sua intenção era garantir a proteção de si mesma e de suas duas filhas. Ela relatou que o apoio encontrado na unidade policial foi fundamental, mas também, não descartou situações de descaso e falta de empatia de alguns servidores específicos.
A mulher procurou a DEAM para solicitar uma medida protetiva. Ela passou cerca de duas horas sendo ouvida com paciência e orientada por uma policial sobre o que a polícia poderia fazer para ajudá-la.
Ela revelou que vinha sofrendo chantagens e violência psicológica constantes e que seu esposo, com um comportamento manipulador, estava tentando forçá-la a deixar a casa e vender os bens do casal.
“Eu estava muito insegura e com medo de cometer um erro, pois meu esposo é o pai das minhas filhas, mas ela (policial) me escutou com calma. Ela me orientou sobre como a DEAM poderia agir para me proteger e me ajudou a dar o primeiro passo”, contou.
No entanto, nem todos os momentos na DEAM foram de apoio. Ela relatou que no local, um policial ironizou a situação, questionando se a violência psicológica era suficiente para justificar a prisão do agressor.
Mesmo com o apoio de alguns agentes, a medida protetiva, que poderia ter sido assinada rapidamente, demorou devido à alta demanda e ao recesso das festas de fim de ano.
A vítima foi orientada a não revelar nada ao marido até a notificação formal e foi oferecido asilo a ela na Casa da Mulher Brasileira, que foi negado. "Para mim não adiantava, porque o que ele mais queria era me pôr para fora de casa...Eu ia ficar lá na DEAM 'hospedada' e ele solto. Parecia que eu era a criminosa", relatou.
Dias depois, o marido chegou a ser preso e depois liberado enquanto a vítima seguiu as orientações que recebeu na DEAM, temendo pela sua segurança e a de suas filhas.
No entanto, apesar do suporte recebido de alguns profissionais, a vítima também mencionou a necessidade de mais sensibilidade no atendimento. “Não podemos generalizar todo o trabalho da DEAM, porque há sim pessoas competentes e outras que parecem já tratar os casos de violência como algo rotineiro, sem dar a devida atenção às vítimas”, explicou.
Atualmente, a vítima segue com o processo de divórcio e busca apoio psicológico e psiquiátrico para superar o trauma vivido. Embora tenha encontrado apoio em momentos cruciais, ela afirma que o sistema ainda precisa de melhorias. “Se não existisse a DEAM, a situação seria muito pior. Mas sei que mudanças são necessárias e espero que com o tempo as leis se tornem mais eficazes, antes que seja tarde demais”, afirmou.
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