Aumento nos preços vai desde o arroz e o feijão até produtos de limpeza, aponta Dieese.

Em plena pandemia, alimentos essenciais ficam mais caros
Consumidores estão atentos às altas dos preços durante a pandemia do novo coronavírus. / Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a população tem enfrentado alta nos preços de produtos essenciais. Em Campo Grande, consumidores afirmam que o aumento vai desde produtos básicos, como arroz, feijão e ovos, até itens de limpeza. O setor supermercadista diz que o aumento praticado pelos estabelecimentos vem das distribuidoras e o Procon fiscaliza a origem dos preços abusivos.

Dados da pesquisa da Cesta Básica, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontam que, em março, a cesta básica de Campo Grande teve o maior porcentual de aumento entre as capitais do Brasil, com alta de 6,54%.

O aumento foi puxado pelo tomate, que ficou 58,44% mais caro. Também foi registrada alta nos preços da batata (23,35%), banana (14,19%), arroz (8,48%), leite (7,10%), açúcar cristal (5,08%), farinha de trigo (1,65%), manteiga (1,08%), óleo de soja (0,93%) e carne bovina (0,24%).

CONSUMIDORES

A população campo-grandense já tem percebido o aumento dos preços na maioria dos itens que compõem a cesta básica. Entre os produtos que mais subiram, desde o início do isolamento social, estão o ovo, tomate, arroz e feijão.

Segundo a funcionária pública Ursula Menezes, 35 anos, os preços têm aumentado desde o começo da pandemia, mas nas últimas duas semanas as alterações nos valores estão maiores. “Aumentaram bastante os ovos e produtos essenciais da cesta básica. Tem lugar aqui no meu bairro em que a cartela com 30 ovos custava R$ 11 e agora está custando R$ 19”, disse.

Para a jornalista Luciana Petelinkar, 34, a surpresa é com o aumento nos preços de itens de limpeza. Desde o início do período de isolamento social ela tem ido ao supermercado para os pais. “Notei aumento em tudo, na verdade. Inclusive nos produtos de limpeza”.

A microempresária Lidiane Lima, 34, que trabalha no setor de lanchonetes e restaurantes, conta que desde as primeiras medidas anunciadas só vê os preços aumentarem. “Eu pagava R$ 12,90 em uma cartela com 30 ovos; hoje, o mais barato que encontro é por R$ 14,90. O preço do tomate e do feijão nem se fala, aumentou muito”, explica.

Na casa da empregada doméstica Maria de Fátima da Silva, 54 anos, a opção foi trocar o local onde fazia as compras. “No supermercado mais próximo à minha casa, o leite, que era R$ 2,95, passou para R$ 4 em alguns dias, assim como a cartela de ovos, que foi para R$ 17. Troquei de mercado, que também está subindo os preços, mas, ainda sim, compensa mais do que o anterior”.

JUSTIFICATIVA

Apesar do aumento dos valores, os supermercadistas dizem que o problema vem da distribuição de mercadorias. De acordo com a Associação dos Supermercadistas de Mato Grosso do Sul (Amas), os empresários precisam repassar a alta, que vem das indústrias e distribuidoras, para manter a liquidez das empresas.

“Não estamos tendo aumento de demanda este mês, pelo contrário, as vendas devem cair 15% em nosso setor. O desemprego e a queda na renda interferem no consumo. Sobre o aumento de preços, já enviamos as notas fiscais de compras ao Procon provando que quem subiu os preços foram as indústrias e distribuidoras, nós apenas estamos repassando esse aumento”, explicou o presidente da Amas, Edmilson Veratti.

FISCALIZAÇÃO

A Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-MS) recebeu 109 denúncias sobre os aumentos dos preços em supermercados e farmácias, nos meses de março e abril, e fiscalizou 73 locais no período.

Segundo o superintendente do Procon-MS, Marcelo Salomão, os produtos que tiveram as maiores altas foram arroz, feijão, açúcar, ovo e leite. “São os produtos básicos da cesta que nesta época de isolamento tiveram um aumento considerável. Temos pedido para que os supermercados reduzam os preços, mas muitos nos apresentaram notas que mostraram que o aumento já veio do distribuidor”.

Para alguns supermercados que não conseguiram comprovar por meio de nota fiscal o motivo desses aumentos, o superintendente afirma que a orientação foi reduzir imediatamente o valor. Há ainda a possibilidade de aplicação de multa que varia de R$ 5 mil a R$ 50 mil, dependendo da gravidade do abuso econômico.

“Nós vamos continuar fiscalizando, já notificamos algumas distribuidoras neste período, por conta dos aumentos abusivos, e vamos continuar fiscalizando os preços”, disse Salomão.