Empresa some sem deixar rastros, depois de oferecer curso profissionalizante
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Depois de oferecer um curso de Atendente de Saúde com Noções de Manipulação de Medicamentos, Socorrismo e Resgate, ministrado entre agosto e novembro do ano passado, a empresa Set Pharma Cursos Profissionalizantes Profissionalizantes LTDA ME, que prometia certificado e encaminhamento para o mercado de trabalho, não foi mais encontrada.

O comunicado emitido pela empresa antes do início do curso, informa que Campo Grande foi incluída no Programa de Inclusão Profissional 2014, que permite a participação de até dois moradores de casa residência. O objetivo, segundo a carta, era fornecer capacitação profissional por meio do Sebrasp (Serviço Brasileiro de Aprendizagem à Saúde Profissional).

Conforme o comunicado o aluno que concluísse o curso estaria apto a trabalhar em hospitais, farmácias e drogarias, farmácias de manipulação, posto de saúde, ambulatórios, clínicas médicas, centros médicos, laboratórios, pronto atendimento, pronto socorro, planos de saúde.

A promessa era de que ao fim do curso o aluno recebesse um certificado do Sebrasp, reconhecido em todo o país. "Temos experiência de mais de 14 anos atuando em parceria com milhares de empresas e entidades como CDL (Câmara de dirigentes lojistas), Associações Comerciais Ongs, Poder Público entre outros, encaminhando rapidamente seu currículo ao mercado de trabalho no final do curso através do sistema de Inclusão Profissional", garante.

Além da promessa de capacitação, o comunicado ainda prometeu bolsa de auxílio no valor de R$ 497,00, que seria utilizado para financiar parte de sua qualificação profissional, valor que não foi repassado aos alunos.  O bancário Nilton Nogueira, de 45 anos, que pagou cinco cheques de R$ 113,00, cada, para que o filho Leonardo Toledo Nogueira, de 18 anos, participasse da capacitação, afirma que a empresa entregaria o certificado após a conclusão do curso, no entanto, em janeiro deste ano, descobriu que o site não estava mais disponível na internet e que o número de contato era de uma transportadora, que não tem informações sobre a Set Pharma.

O bancário relata que as aulas foram ministradas conforme o cronograma de 60 horas em uma sala locada no Hospital Evangélico. “Meu filho fez o curso e quando foi saber sobre o diploma, disseram que entregariam depois, como demorou muito fomos checar e descobrimos que a empresa sumiu. Não tem mais nada na internet, o telefone também não é deles. Ligamos e disseram que era uma transportadora. Nem o hospital evangélico sabe da empresa”, lamenta.

Nogueira diz ainda que os cheques pagos pelo curso foram depositados por empresas diferentes no ramo alimentício. “Verifiquei e foram depositados por distribuidoras de alimento. A empresa simplesmente sumiu do mapa e deixou os alunos sem o certificado”, declara.

A superintendente do Proncon (Proteção de Defesa do consumidor) Rosimeire Cecília da Costa, ressalta que o órgão trabalha no sentido de encontrar a empresa para que entregue o certificado ou restitua o valor pago pelo curso, no entanto, em casos de estelionato é  necessário registrar um boletim de ocorrência na Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) para que a polícia investigue.

Rosimeira destaca ainda a responsabilidade do Hospital Evangélico, que locou o espaço para que o curso fosse ministrado. “Existe uma relação de consumo e todos que participaram de alguma forma têm responsabilidade nesse resultado. Neste caso o hospital locou as dependências para a prestação do serviço e muitas vezes o consumidor só realizou o curso porque acreditou na credibilidade do hospital. É o que chamamos de responsabilidade solidária. Não estamos olhando a culpa, mas a responsabilidade junto ao consumidor”, enfatiza.

Em contato com o Hospital Evangélico, a assessoria de comunicação disse que alugou o auditório e que não tem vínculo com a empresa. Questionada sobre o valor da locação e os documentos apresentados pela empresa, a assessoria de comunicação afirmou que é necessário levantar as informações.

A reportagem do Jornal Midiamax também tentou falar com a Set Pharma por meio do suposto telefone da empresa, mas não obteve sucesso.