Marcos chegou em Campo Grande em março de 2019 à procura de emprego.
Entre os artistas de rua, viver da sua arte é um sonho que ecoa no imaginário de cada um, mas que ás vezes se torna questão de sobrevivência. Como Marcos Domingos Mendes, de 45 anos, que fez da Rua 14 de julho seu local de trabalho: ao som do violino, ele conta com as moedas dos passantes enquanto busca por emprego nos açougues de Campo Grande.
Lá mesmo da Rua 14 Marcos atendeu a reportagem. Ele conta que o gosto pelo violino começou aos 13 anos, em uma banda de igreja no interior de São Paulo. “Comecei a tocar quando minha família era da igreja, quando eu era criança”, explicou.
Com o passar do tempo a sede por conhecimento se tornou maior do que o permitido pela religião, fazendo o músico abdicar da sua paixão. “Queria aprender mais, porem só era permitido tocar louvor e música sacra, não podia tocar Beethoven”, exclamou.
Com 33 anos, o violinista procurou novas oportunidades de trabalho na capital paulista. Além do emprego como ajudante de marcenaria, a cidade que nunca dorme proporcionou o encontro com outro violinista, que o fez reacender a chama pela música. Recebendo instruções do novo amigo, Marcos começou a tocar na Avenida Paulista e fez das notas uma forma de garantir o seu sustento. Sem escola ou curso o violinista aprendeu na raça, se tornando autodidata.
Seguindo um sonho
Os limites estaduais eram pequenos para quem almeja viver da arte e o Rio de Janeiro foi o novo rumo, se apresentando na Rua Siqueira Campos com a Nossa Senhora de Copacabana. “Foi lá que ganhei meu segundo violino, um homem me viu tocando e começou a especular, afirmou que o som do meu instrumento era muito ruim e no outro dia me deu um novo”, explicou Marcos.
Porém, como viver da arte estava ficando cada vez mais difícil, o sonhador teve que adiar seus objetivos mais uma vez. “Fui trabalhar como peão em uma fazenda no Paraná”. Foram seis meses de trabalho, mas a desonestidade do ser humano fez com que Marcos mudasse seu rumo outra vez. “O Cara não me pagava, vim para MS por que falavam que era bom de trabalho”, detalhou.
O artista chegou em Campo Grande em março de 2020: foi balconista de um açougue, mas não conseguia se sustentar com o salário que recebia. “Com os descontos, ganhava menos de R$ 900,00, não conseguia pagar aluguel, luz, água, comida e sobreviver”, explicou.
Assim, em frente à antiga loja Bumerang, Marcos mantém a chama do seu sonho vivo, enquanto busca emprego como atendente de balcão nos açougues da cidade. “Estou entregando currículo, procurando uma oportunidade, a saída é a música enquanto não consigno emprego ”, disse ele.
Ente releituras de Rock, MPB, Samba, Tango e música clássica, ele não esquece o sonho de se profissionalizar como músico: “Quero estudar música, fazer um curso técnico na escola Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, e seguir minhas metas”, finalizou.
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