Covid-19, falta de chips e problemas de estoque: o que fez o PS5 superfaturar nos últimos meses.
No ano passado, mais precisamente em novembro de 2020, o PlayStation 5 chegou ao mercado brasileiro custando R$ 4.199, em sua versão digital, e R$ 4.699, em sua versão física.
Em menos de um ano, o valor subiu para mais de R$ 7.000 em sua opção com entrada para CD. No site Mercado Livre, é possível achar o PS5 por até R$ 10 mil, com entrega prevista para o dia seguinte à compra. A pronta entrega oferecida pelo vendedor é um diferencial em tempos de estoques minimizados situação que não deve melhorar tão cedo.
Segundo Hiroki Totoki, chefe da área financeira da Sony, a procura pelo console de última geração não deve diminuir neste ano. A expectativa da empresa era melhorar a situação em 2021. Agora, a previsão é de que nem em 2022 ela deve amenizar.
"Eu não acho que a demanda diminuirá neste ano e, mesmo se nós conseguirmos assegurar diversos dispositivos e produzir mais unidades do PS5 no próximo ano, nosso estoque não seria o suficiente para encontrar a demanda que temos", disse ele à agência de notícias Bloomberg.
E, assim como o resto do mundo, o console (e a Sony) também enfrenta problemas causados pela pandemia da Covid-19, além de bater de frente nos resquícios das políticas de Donald Trump contra o comércio com a China.
Falta de chips
Um dos principais motivos para a alta de preços do PlayStation 5 é a falta de chips no mercado mundial. No ano passado, o problema se dava por conta da pandemia, que fechou diversas fábricas no mundo todo.
Neste ano, mesmo com a retomada da produção em alguns locais, a procura por produtos que dependem deles (como TVs, smartphones, consoles e carros) tornou-se tão alta que as fábricas não têm sido capazes de produzir a quantidade necessária de semicondutores.
Por esse motivo, a Sony afirmou que "pode não atingir o objetivo de número de vendas em 2021 por conta do prejuízo no estoque de semicondutores". O mesmo acontece com a Microsoft, que disse que o novo Xbox pode continuar a não ter estoque suficiente pelo menos até a segunda metade do ano.
"Um chip leva, em média, seis meses para ficar pronto, o que envolve uma cadeia complexa de produtos. Quando você interrompe o consumo, as compras caem, o que cria gargalo em toda a cadeia de produção. Só faz sentido fazer chip quando se faz em grande quantidade", diz Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio).
Para Steibel, o mundo está passando por "uma ressaca da disrupção de linhas de produção". "Com uma indústria globalizada, tudo funciona. Mas uma pandemia estressa o sistema que não estava preparado, e aí falta tudo", afirma.
Oferta e procura
Mais do que o valor do dólar alto, para Steibel, o aumento do preço no PlayStation tem mais a ver com a questão de oferta e procura, a cadeia de importação dos produtos e quem os consome. Se alguns estão dispostos a pagar um valor mais salgado e esperar mais tempo para receber o console, as lojas entenderão, então, que outras pessoas poderão fazer o mesmo. O aumento no mercado de luxo brasileiro também pode ter um impacto direto no valor do PS5.
"A grana que ia para as classes mais altas viajar ou comer em lugares caros começou a ir para bens. Se você aumenta a procura, você aumenta o preço. Tem muita gente interessada em comprar, não tem mais PS5 no mercado, você pede e chega daqui a nove meses. Se tem gente disposta a fazer isso e a esperar, o preço aumenta", diz. "O PS5 não é uma venda instantânea, as empresas precisam pensar na cotação do dólar daqui a tantos meses, e o mercado não está otimista", afirma.
Mesmo nos Estados Unidos, os usuários têm enfrentado problemas para encontrar o mais novo console da Sony a um preço justo. Por lá, a versão mais cara do PlayStation deveria custar US$ 499, mas em sites como eBay ela pode ser encontrada por até US$ 1.024, com promessa de entrega mais rápida assim como os vendedores no Mercado Livre, e sem qualquer adicional, como controles extras ou jogos.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!