A direção da Polícia Civil em Mato Grosso do Sul e a comissão de representantes de entidades de defesa dos direitos da mulher, da criança e do adolescente, além da procuradora da Mulher na Câmara de Campo Grande, vereadora Carla Stephanini  (PMDB), estiveram reunidos na manhã desta quarta-feira (29), para discutir o andamento das investigações do caso de exploração sexual de adolescentes que tem entre os suspeitos de envolvimento políticos da cidade.

No encontro, o delegado-geral da Polícia Civil, Roberval Maurício Cardoso, e o titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dpca), Paulo Sérgio Laureto, apresentaram um balanço das investigações realizadas até o momento, que já resultaram na prisão de três pessoas. O trabalho também levou ao indiciamento do ex-vereador Alceu Bueno, que renunciou nesta terça-feira (28) ao mandato, e do ex-deputado estadual Sérgio Assis, como suspeitos de envolvimento. Dos três presos, dois negam envolvimento, assim como os dois políticos indiciados.

Durante a reunião desta quarta, a comissão e a vereadora cobraram rigor na apuração do caso e punição as responsáveis. Carla Stephanini apontou ainda que as entidades querem assegurar também a proteção e a integridade as adolescentes que teriam sido vítimas da exploração sexual neste caso, bem como, de suas famílias.

A vereadora também cobrou uma maior fiscalização de estabelecimentos como os motéis, para impedir que jovens, menores de idade, frequentem esses locais. Ela ressaltou também que as prisões e os indiciamentos já realizados enfraquecem as redes de prostituição e servem de alerta para a sociedade em relação ao problema.

Caso
O caso começou a ser investigado a partir de uma denúncia do ex-vereador Alceu Bueno de que estaria sendo extorquido, por pessoas que teriam gravado um encontro seu com adolescentes. Os suspeitos de serem os autores da chantagem, o ex-vereador em Campo Grande Robson Martins e o empresário Luciano Pageu, foram presos no dia 16, quando recebiam dinheiro de Bueno. A defesa deles diz que eles apenas ajudavam Bueno a se livrar da extorsão.

Depois das prisões, a polícia conseguiu descobrir como funcionava o esquema. Segundo a polícia, as adolescentes eram aliciadas para a prostituição e orientadas a gravar os encontros com uma microcâmera que estava escondida em um chaveiro. Com essas gravações, o grupo chantageava os políticos que se encontravam com as jovens, e cobrava deles dinheiro para não divulgar as imagens comprometedoras.

Segundo as investigações da Polícia Civil, quem abordava as adolescentes e fazia o convite para a prostituição seria o também comerciante Fabiano Viana Otero. Ele teve a prisão preventiva decretada na semana passada e foi encontrado nesse domingo (26), na casa da mãe, no bairro Santo Emília. Ele foi o único a confessar envolvimento no caso. A defesa dele tenta delação premiada.

Conforme a polícia, três meninas de 15 anos estariam envolvidas com os políticos. Duas teriam saído com eles. Pelos relatos de Otero à polícia, foi verificado que elas cobravam cerca de R$ 600 por encontro.

As cópias das gravações dos encontros das adolescentes com os políticos foram entregues ao Ministério Público do Estado (MPE). O relatório final do inquérito será entregue pela Polícia Civil a promotoria, que vai decidir se vai apresentar a denúncia à Justiça.