Um estudo da Embrapa Trigo mostrou ganhos diretos de até 280 kg/ha e redução de 50% na população de plantas no Rio Grande do Sul, pela melhor eficiência no uso da radiação solar na lavoura.

Espaçamento reduzido na soja pode potencializar os rendimentos da lavoura
Experimento conduzido na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS. / Foto: Edson Costenaro

A redução no espaçamento entre as fileiras da soja pode potencializar os rendimentos da lavoura e permitir uma redução significativa nos custos de implantação, pela redução na população de plantas.

Um estudo da Embrapa Trigo mostrou ganhos diretos de até 280 kg/ha e redução de 50% na população de plantas no Rio Grande do Sul, pela melhor eficiência no uso da radiação solar na lavoura.

A soja é a cultura de maior importância econômica no Brasil.

A geração de novas tecnologias e a evolução dos conhecimentos relacionados ao sistema de produção estão promovendo mudanças no cultivo da soja.

O melhoramento genético embutido na cultivar é responsável por somente 50% do rendimento final na cultura. A outra metade está associada ao manejo da lavoura, desde a implantação até a colheita.

A intensificação da produção é possível através de sistemas mais eficientes e equilibrados no uso dos recursos do ambiente (água, luz, temperatura e nutrientes).

A planta de soja, nas condições de clima e solo do Rio Grande do Sul, semeada na época preferencial (meados de novembro), precisa de 40 a 50 dias de crescimento para resultar numa boa produção de grãos.

Aumentar a interceptação de luz solar nesse período é possível através de ajustes no arranjo espacial das plantas.

O arranjo espacial determina a competição por luz, água e nutrientes, alterando desde a incidência de pragas até a produção de biomassa.

A potencialização do rendimento de grãos pode ser obtida através do melhor acúmulo de área foliar, com maior aproveitamento da radiação solar que garante a fotossíntese necessária para o crescimento das plantas.

A melhor distribuição de plantas na área pode considerar duas estratégias de manejo ainda na semeadura: densidade (população de plantas) e espaçamento.

Indicações
A recomendação contida nas "Indicações técnicas para a cultura da soja no RS e SC" estabelece uma população de 300 mil plantas por hectare (ou 30 plantas/m²), com espaçamento que pode variar de 20 a 50cm entre as fileiras.

No estudo conduzido em Passo Fundo, RS, pela equipe de fisiologia vegetal da Embrapa Trigo, dedicado a entender o funcionamento das plantas, foi avaliado o espaçamento reduzido e a menor densidade de plantas para a maximização da produção de soja no Rio Grande do Sul.

Na população de plantas, a densidade de 20 plantas/m² mostrou o mesmo desempenho da densidade de 30 plantas/m², a diferença esteve na redução nos custos de produção (sementes principalmente) sem redução significativa no rendimento de grãos.

No espaçamento, foi utilizada a mesma distância entre linhas e entre as plantas na linha. Na comparação, o rendimento da soja no espaçamento de 25cm resultou em 283 kg/ha a mais (4,7 sacas) do que no espaçamento de 50cm.

"Vimos que o espaçamento reduzido pode maximizar os rendimentos na soja, já que há um aumento de área foliar mais rápido, acelerando o crescimento da planta e o acúmulo de massa para a produção de grãos", explica o pesquisador da Embrapa Trigo Osmar Rodrigues.

O pesquisador destaca que, independente da cultivar utilizada, a redução de densidade de sementes é compensada pelo espaçamento reduzido, acelerando a velocidade de fechamento do dossel e o acúmulo de matéria seca nos ramos que definem a produtividade da soja.

Alerta
Vale lembrar que existe resposta diferenciada em rendimento para espaçamentos e populações de plantas, dependendo da época de semeadura, da arquitetura da planta e do grupo de maturação da cultivar.

Populações muito acima da indicada, além de implicar no aumento nos gastos com sementes, podem ocasionar acamamento de plantas; enquanto populações muito abaixo favorecem a incidência de plantas daninhas na lavoura.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa, a diversidade de cultivares de soja que chegam ao mercado todos os anos dificultam o trabalho da pesquisa, devido à grande variação no ciclo, porte das plantas e adaptações aos tratamentos fitossanitárias.

O principal é que as plantas estejam distribuídas uniformemente na lavoura, considerando as condições de ambiente que favorecem ou limitam a expressão do potencial produtivo das cultivares.