O aumento no volume da frota, o tempo gasto no trânsito tende a aumentar. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), reunidos pelo Observatório das Metrópoles, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, na última década, a ampliação do número de veículos foi onze vezes maior que o aumento da população.
De 2001 a 2012, a frota brasileira passou de 24 milhões, para 50 milhões de veículos. Diante disso, são necessárias iniciativas tecnológicas para tornar os trajetos mais seguros para os usuários.
Conforme o especialista em políticas públicas de transporte e professor da Universidade Estácio de Sá, de Brasília, Artur Morais, três pilares determinam a segurança no trânsito: educação, engenharia e fiscalização. "Se os condutores não forem educados para controlar a velocidade, deve existir ainda mais investimento em fiscalização.
Uma pesquisa britânica aponta que 95% das infrações são conscientes, o que significa que a maioria dos acidentes é reflexo da má formação de condutores como cidadãos", afirma.
Para Morais, a formação tardia dos cidadãos como usuários do trânsito é um dos entraves para deslocamentos seguros, o que reforça a importância da fiscalização.
"O primeiro contato do brasileiro com a legislação de trânsito é somente aos 18 anos, quando pode obter a CNH. Muito antes disso, porém, ele participa do trânsito, como pedestre, usuário dos transportes coletivos, ciclista", avalia.
Neste contexto, ele sugere a adoção de algumas iniciativas tecnológicas, como a dos bafômetros em pedágios – inspirada no projeto da Suécia – e do controle da velocidade média, que daria um retrato mais amplo da velocidade adotada pelo condutor.
"Estas inovações são essenciais para reforçar o papel dos equipamentos de fiscalização, que é de proteger os usuários", esclarece.
Para a professora Natália Gonçalves, doutora em planejamento de transportes e desenvolvimento urbano, as aplicações da tecnologia em favor da segurança no trânsito extrapolam a esfera da fiscalização.
"Hoje, as cidades podem contar com a tecnologia nas centrais de monitoramento de tráfego, nas possibilidades de sinalização das vias e para educação de trânsito", elenca.
Para ela, contudo, ainda há no Brasil um longo caminho a ser percorrido para que estas soluções promovam um trânsito mais eficiente.
"Os municípios brasileiros ainda enfrentam dificuldade em desenvolver projetos compatíveis às suas realidades específicas e em manter pessoal capacitado para operação e planejamento", diagnostica.
"Se superados estes desafios, a tecnologia é uma aliada poderosa na formação de condutores. O uso de simulador veicular, por exemplo, é uma tecnologia recente e inovadora que ajuda o condutor a entender as possíveis reações diante de alguns eventos no trânsito, além de trazer mais conforto e confiança na direção", exemplifica.
Radar que opera com energia solar: tecnologia aliando segurança e sustentabilidade
Tornar o trânsito mais seguro e, ainda, não causar danos ao meio ambiente. Além de possível, esse cenário já é uma realidade com os radares que funcionam à energia solar.
A Perkons – especializada em gestão de trânsito – possui este tipo de equipamento instalado no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul.
O gerente de Desenvolvimento da empresa, Adriel Silva, explica que a manutenção é simples, pois basicamente é necessário trocar as baterias, em média, a cada dois anos.
Outro cuidado necessário é a limpeza regular dos painéis, especialmente em locais com muita poeira ou fuligem. "Além de se tratar de uma energia limpa, a fonte de energia solar possibilita instalar os radares em locais até então inviáveis, devido a inexistência de rede elétrica convencional", explica.
O mesmo equipamento pode estar conectado tanto a um sistema de energia solar quanto à rede elétrica convencional; não existe diferença de funcionamento entre as duas opções.
Porém, o custo dos sistemas à energia solar no Brasil ainda é alto, se comparado com a energia fornecida através da rede elétrica. Desta forma, a solução solar é utilizada predominantemente onde não existe rede elétrica convencional.
No Rio Grande do Sul são cinco equipamentos que operam com energia solar para o DAER-RS (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem), sendo três nas rodovias de Caxias do Sul, um em São Francisco de Paula, e outro no município de Carlos Barbosa.
De acordo com o especialista rodoviário do órgão, Carlos Eduardo Finger da Silva, os equipamentos que operam por energia solar proporcionam o mesmo nível de satisfação do modelo conectado à rede tradicional.
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