É o que avaliam secretários de Fazenda que participaram de audiência pública na terça-feira (21) da comissão mista que discute os impactos econômicos da pandemia do coronavírus.

Estados preveem recuperação da crise econômica gerada pela pandemia só em 2021
Mesmo com retomada das atividades econômicas, secretários avaliam que a queda na arrecadação continuará. / Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Com queda média de 18% na arrecadação de impostos de abril a junho, estados devem retomar o equilíbrio fiscal só em 2021 e as dificuldades financeiras devem continuar.

É o que avaliam secretários de Fazenda que participaram de audiência pública na terça-feira (21) da comissão mista que discute os impactos econômicos da pandemia do coronavírus.

Os secretários apostam nas reformas estruturais, como a tributária, e na continuidade do auxílio da União como ferramentas para tentar regularizar o fluxo de caixa.

Eles elogiaram a ajuda financeira aprovada pelo Congresso Nacional,  por meio da Lei Complementar 173/20, mas dizem que as compensações são insuficientes.

Para o presidente do comitê de secretários de Fazenda, Rafael Fonteles, que é secretário do Piauí, a ajuda do governo federal tem que continuar e deve levar em conta as projeções de perda até o final do ano.

"Mesmo com a retomada das atividades econômicas, o efeito na queda da arrecadação continua porque a crise econômica não é derivada apenas do fato de as atividades econômicas estarem suspensas, mas pelo próprio comportamento dos agentes econômicos, que ficam com o pavor da doença e terminam alterando o seu comportamento de consumo; portanto, isso se reflete na arrecadação. "

Os secretários de Fazenda fizeram algumas demandas ao Congresso Nacional, como a aprovação das reformas tributária e administrativa, além da garantia da suspensão da quitação das dívidas com bancos internacionais e do pagamento de precatórios durante a pandemia.

Eles ressaltaram também as diferenças entre os estados no comportamento da arrecadação: no caso do ICMS, por exemplo, houve desde uma queda de 28% no Ceará até um aumento de 4% no Mato Grosso (ver infográfico abaixo).

Até agora, maio foi o pior mês e junho já ensaiou uma recuperação.

Secretário de Fazenda do Paraná, Renê Garcia Júnior, enfatizou que o novo coronavírus continua atingindo com força os estados do Sul e que os efeitos sobre a atividade econômica vão durar pelo menos até setembro.

A secretária de Economia de Goiás, Cristiane Schmidt, relatou perdas de R$ 800 milhões na arrecadação entre abril e maio e revelou que quase não conseguiu pagar os servidores do estado. "Folha é o nosso grande problema de hoje e seguirá sendo.

As nossas receitas não estão cabendo dentro das despesas. E temos aqui uma pressão muito forte por aumentos salariais.

E quando eu falo em aumentos salariais, eu não falo só em revisões anuais, eu estou falando também em progressões e promoções."

Perdas
Levantamento do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda (Comsefaz) mostra que as perdas de arrecadação vão atingir mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e Sudeste.

Em São Paulo, de acordo com o secretário Henrique Meirelles, a queda em 2020 será, em média, de 11% em relação à previsão orçamentária inicial.

O ex-ministro da Fazenda sugeriu a intervenção do governo para auxiliar pequenas e médias empresas com problemas de crédito, já que o Banco Central foi autorizado pelo Congresso a comprar carteiras de crédito no mercado financeiro.

"É uma ação do Banco Central de exercer os seus direitos dados pelo Orçamento de Guerra e começar a comprar de fato essas carteiras, como está sendo feito pelo Banco Central americano, pelo Banco Central Europeu e por outros. "

O relator da comissão mista, deputado Francisco Jr. (PSD-GO), acrescentou que, se não houver a recuperação das pequenas e médias empresas, aparecerão o que ele chamou de "CNPJs invisíveis", negócios que ficarão à margem da economia.

"Eu penso que será inevitável que muitas delas migrem para informalidade. E nós já vínhamos tendo muita dificuldade com os informais, talvez a gente tenha um acréscimo da informalidade significativo no Brasil no momento imediato pós-pandemia. "