Estelionatário do “Minha Casa Minha Vida” rouba vítimas e "zomba" por WhatsApp
Cícero ainda não foi localizado pela Polícia / Foto: Luiz Alberto

A Polícia Civil identificou o estelionatário que enganou pelo menos 19 vítimas com contratos falsos para casas do “Minha Casa Minha Vida”, programa da Caixa Econômica Federal. Depois de ser descoberto, o autor passou a zombar das vítimas por WhatsApp, enviando foto dos bens adquiridos com o dinheiro do golpe e da vida que ele leva.

De acordo com a delegada Célia Maria Bezerra da Silva, da 4ª Delegacia de Polícia Civil, o autor, identificado como Cícero Vicente Lescano de Oliveira, de 35 anos, contatava a primeira vítima por WhatsApp afirmando ser funcionário da Caixa. Nas mensagens, o estelionatário alegava que facilitaria o processo para entregar as casas e até quitaria as parcelas da vítima caso ela conseguisse mais gente para o negócio.

Só na região do Bairro Moreninhas, oito vítimas compareceram à delegacia para registrar boletim de ocorrência. Já na região da Vila Santo Amaro, mais 11 casos são investigados pela 7ª Delegacia de Polícia Civil. “Aqui, as vítimas precisavam depositar até R$ 4 mil para segurar a casa. No Santo Amaro o valor inicial era de R$ 500 para casas no Portal Caiobá I e II”, relata a delegada.

Ainda conforme a polícia, Cícero se apresentava como Renato Vicente e chegou a marcar um encontro com os ‘compradores’ no cartório para entregar as chaves. Como ele não apareceu e nem entregou as casas, as pessoas começaram a cobrar o dinheiro de volta.

“Descobrimos o caso quando a primeira vítima veio até a delegacia no dia 22 de janeiro registrar um boletim de ocorrência de ameaça, já que era dela que os outros envolvidos estavam cobrando o dinheiro”, conta Silva.

Para a delegada as vítimas foram ludibriadas. Acreditando na história, muitos chegaram a pegar empréstimo com familiares para segurar a casa. Cícero costuma ficar em hotéis, o que dificulta a localização do autor.

“Esperamos que ele se apresente, mas temos equipes que continuam as buscas pelo estelionatário. Pedimos todos que foram enganados para ir até uma unidade policial registrar a ocorrência, isso é muito importante”, conclui Silva.

Vítimas

Uma auxiliar de escritório, de 24 anos que teve o nome preservado, também foi enganada por Oliveira. Ela conta que autor entrou em contato com sua cunhada que a chamou para participar do negocio. Assim que saiu do trabalho depositou R$ 500 na conta indicada, só depois de já ter feito a operação bancária percebeu que havia caído em um golpe.

A vítima relata que começou a conversar com os outros envolvidos, mas que eles ainda acreditavam na compra. “Tudo que ele falava batia, tudo, tudo que ele falava, os contratos que ele mandava, as regras, que usava subsídio, tudo que ele falava era verdade”, lembra.

Segundo a mulher, Cícero chegou a se encontrar com outras vítimas em hotéis para a assinatura de contrato e até levava a pessoa na residência prometida. Com o tempo, as vítimas começaram a cobrar devolutiva e o autor alegou que os R$ 500 iniciais não tinham sido suficiente para pedir os documentos e que precisaria de mais.

Assim que descobriu a farsa, a auxiliar de escritório criou um grupo no WhatsApp, com as vítimas e Cícero, foi neste momento que começaram as ameaças e ‘brincadeiras’ por parte do estelionatário.

Em várias mensagens Oliveira chama os participantes do grupo de papagaios e ridiculariza a polícia e a perda deles. O autor chegou a mandar fotos de colares de ouro alegando que teria que “vender” a jóia para pagar o advogado, além de outras imagens em que aparece com mulheres e famosos. Em outro momento, Cícero chegou a enviar uma foto nu.

No domingo (1º) enviou um foto de um relógio com a descrição “esse relógio ai peguei na quarta-feira, chupa papagaiada. Dinheiro de trouxa, trocado de malandro, dinheiro de trouxa, trocado de malandro”.

 

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