Estiagem do rio Paraná compromete produção de peixes e gado de MS
Córrego Rio Grande, também afluente do rio Paraná, reduziu a níveis mínimos. / Foto: Ivan Carrato Jr

A crise de água vivida pelo Brasil desde o ano passado já pode ser considerada a maior da história em termos de impacto econômico. Com o volume útil do reservatório da hidrelétrica de Ilha Solteira em zero porcento devido o nível do rio Paraná em 319 metros, produtores rurais de São Paulo e Mato Grosso do Sul já sofrem as consequências.

De acordo com a Cesp, o montante de água no reservatório de Ilha Solteira que na mesma época do ano passado chegava a 326 metros, hoje está abaixo dos 319 m e se chegar em 310 corre o risco de parar de gerar energia. De acordo com o professor titular de irrigação da Unesp Ilha Solteira, Fernando Tangerino, as consequências da seca são enormes e já afetam várias setores da cadeia produtiva.

"A hidrovia foi a primeira a sentir os efeitos da estiagem e está fechada desde abril do ano passado. Conforme o nível do rio foi baixando outras atividades econômicas foram sendo prejudicadas como a piscicultura e irrigação", explica o professor ao ressaltar que muitos municípios usam a irrigação na produção de grãos e terão sérias consequências na produção.

Do lado de cá da divisa, os produtores de Aparecida do Taboado - distante 481 km de Campo Grande, estão acumulando prejuízos. Dartagnan Ramos Queiroz, 40, trabalha com piscicultura há 10 anos às margens do rio Paraná e alega que desde o ano passado está perdendo 1/3 (um terço) da produção de 150 toneladas por mês.

"Eu arrendo uma área da União para utilizar o rio Paraná e criar meus peixes, mas o rio está secando. De quatro meses para cá, desde agosto, a situação vem se agravando e só piora, os peixes estão morrendo e não há nada que a gente possa fazer para sair dessa situação", explica Dartagnan, que sozinho é responsável por 10% da produção de pescado do Estado.

 

Pecuária - O presidente do sindicato rural de Aparecida do Taboado, Eduardo Antônio Sanchez, explica que os índices de chuva no município estão caindo há níveis históricos o que tem impactado em toda a cadeia produtiva da região. "Temos um histórico de 1.600 milímetros de chuva por ano, mas em 2013 essa média baixou para 1.500 mm e no ano passado foi de 1.380 mm", destaca.

Eduardo afirma que não só a piscicultura tem sofrido com a estiagem, a pecuária também sofre as consequências da falta de água. "Até agora choveu no máximo 100 mm em algumas regiões, enquanto que normalmente chove mais de 300 mm. Com isso os pastos não crescem e pode ser que no próximo mês o gado já não tenha mais pasto para comer".

Com a falta de pasto o produtor é obrigado a alimentar o gado com ração, o que aumenta os custos de produção. Nem toda alta é repassada ao consumidor, grande parte precisa ser absorvida pelos produtores que retiram do lucro deles.