Mensagens revelam proximidade de Isaac Cardoso Bisneto com empreiteiros
Preso desde o dia 13 de agosto, quando a Operação Velatus revelou esquema de fraudes em contratos de obras em Terenos – cidade a 31 km de Campo Grande administrada por Henrique Budke (PSDB) -, o ex-secretário de obras, Isaac Cardoso Bisneto, apresentou à Justiça novas conversas de seu WhatsApp.
Ele pediu exoneração 12 dias antes da operação. Mesmo assim, continuou a ser procurado por empreiteiros. Conversas anexadas pela defesa do próprio secretário à Justiça revelam a intimidade dele com os empresários, também investigados.
Ainda, ele confirma que esteve por ao menos dois dias em Terenos.
Por outro lado, a defesa não anexou conversa exposta pelo promotor Eduardo de Araújo Portes Guedes, em que Isaac recebe documentos relativos a uma obra. Segundo o representante do MPMS (Ministério Público de MS), seria a prova de que Isaac continuaria atuando por fora em obras do município.
As conversas foram anexadas pela defesa em nova tentativa de conseguir a liberdade do ex-secretário, que já teve dois pedidos de liberdade negados pela Justiça.
Desta vez, o advogado Benedicto Arthur de Figueiredo Neto aposta em trechos de conversas em que Isaac afirma não estar mais atuando na prefeitura.
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‘Meu querido’, ‘irmão’ e tereré
Por outro lado, a troca de mensagens com empreiteiros, alguns investigados na mesma operação que prendeu Isaac.
Na primeira conversa anexada, datada do dia 9 de agosto, um homem chamado Bruno Soares pergunta sobre obra de calçada. Ao ser respondido de que a responsável agora seria Katiane [nomeada nova secretária de obras], o homem agradece: ‘blz irmão’.
Na segunda conversa, Hugo Prado chama Isaac para perguntar sobre medição de uma obra, também revelando proximidade entre os dois: ‘Irmão, boa tarde’.
Ao que Isaac responde: ‘Fala meu querido’. Depois, informa que não está mais na prefeitura e repassa o contato da nova secretária.
A defesa de Isaac também anexou conversas com Katiane. No dia 8 de agosto, ela pergunta se ele está em Terenos e o ex-secretário responde que sim. No dia seguinte, Katiane chama Isaac: ‘Quando puder vir aqui’. Depois, ele apenas responde com um ‘blz’. Os dois conversavam sobre alguns documentos que faltava para Isaac dar baixa sobre sua exoneração.
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Outra pessoa ligada a empreiteira chama Isaac no dia 6 de agosto e pergunta: ‘Precisamos mexer na nossa ponta. Como está a programação para isso?’. Então, Isaac responde: ‘boa tarde, meu amigo. Fala com a Katiane, não estou mais trabalhando na prefeitura’.
Ainda, reforçando o elo entre os dois, o homem convida Isaac: ‘quando tiver passando aqui, para para tomar um tereré’ e o ex-secretário aceita o convite: ‘opa blz’
Por fim, a defesa do ex-secretário anexou conversa com o empreiteiro investigado na operação, Sansão Inácio (Sansão Inácio Rezende Eireli). O empreiteiro envia áudios que não foram transcritos no processo e, ao fim, Isaac diz: ‘Uai pede pra turma correr ela então. Não tenho mais nada de prefeitura’
Promotor afirma que Isaac frequentou prefeitura para ajudar empreiteiro
Em 12 de agosto, Isaac foi acionado por um homem, que alegou falta de resposta de Katiane.
Em seguida, encaminhou três documentos: boletim de medição, resumo do empreendimento e relatório de execução de serviços. Para a promotoria, os documentos evidenciam que eles “trataram de assuntos relacionados à pasta da Secretaria de Obras do município de Terenos”.
Após, Isaac disse ainda que tentaria ir à Prefeitura de Terenos ‘para falar’. As mensagens foram trocadas em 12 de agosto, um dia antes da operação.
Ou seja, Isaac pretendia visitar o Executivo em 13 de agosto — dia da operação e prisão dele. “A resposta de Isaac Cardoso Bisneto evidencia que o investigado permanecia atuando junto à Secretaria de Obras”, apontou a promotoria.
Além disso, a promotoria anexou trechos de conversas de Isaac com outro investigado na operação. Em conversa com Sansão Inácio, Isaac foi solicitado na secretaria para resolver questões da pasta.
Já em conversa com Katiane, “a servidora em questão solicita, em diferentes oportunidades, a assinatura e o comparecimento do investigado”, apontou a promotoria de Terenos.
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