Todo segundo domingo de cada vez, há 12 anos, uma praça localizada no coração do Bairro Cophafé, na Rua Dias Ferreira, se enche de música, cheiro de comida, casais, idosos e crianças. Artistas dividem espaço com feirantes de fim de semana ou aqueles que realmente vivem de vender produtos em eventos similares.
Mais de uma década depois, a Feira, que começou com seis expositores, hoje conta com 120, a maioria de produtos artesanais e principalmente, gastronomia. “A maioria dos frequentadores vem aqui procurando a culinária típica da Bolívia”, descreve uma das organizadoras, a boliviana Mônica do Nascimento, de 40 anos. “Mas temos aqui de tudo, comida paraguaia, tailandesa, brasileira, além da boliviana”, destaca.
Além disso, as programações incluem sempre inúmeros artistas que levam desde teatro até dança e música. Grupos como o T’ikay, que apresenta danças bolivianas, ou como o Teatral Grupo de Risco, que fez uma apresentação na manhã deste domingo (8), sempre levam algo para acrescentar para o público.
E é claro, estão à venda produtos de todos os tipos, de artesanato boliviano até roupas de brechó, calçados, objetos de decoração, discos de vinil, produtos de beleza, entre tantas outras coisas.
Público participante
A Feira Bolívia encontrou no consulado boliviano apoio para fixar suas raízes e continuar crescendo. Mas mais do que isso, os moradores da região se dedicam a manter o evento sempre cheio, faça chuva ou faça sol.
“Eu sempre venho, todo mês, trago meus filhos pois acredito que esse contato com a cultura boliviana é muito importante, afinal de contas eles são nossos vizinhos de fronteira”, acredita a dona de casa Silvia Pompeu, 38 anos. Ela afirma que seu programa favorito é chegar cedo, por volta das 9h, quando o evento abre, pegar uma mesa na sombra da pracinha, tomar um caldo de cana e comer um pastel.
O comerciante Alessandro Menezes, 42, concorda. “O legal é vir com calma, o espaço tem muita coisa para ver, e o bacana é que eles abrem para outras culturas além da boliviana”, enaltece. Para ele, o fato de ser uma opção de graça, sem pagamento de ingresso, faz toda a diferença para quem visita. “Isso nos incentiva a continuar vindo”.
De graça é também a cedência do espaço para os expositores. “Porém hoje, por exemplo, nós não temos mais como colocarmos barracas de comida, estamos cheios”, acrescenta Mônica. Os demais expositores vão se espalhando no quadrilátero da feira, assim como o palco onde se apresentam as atrações fica localizado quase no centro da praça.
Alguns desses expositores estão lá desde o começo do evento, como Reina Mancilla, de 65 anos, boliviana que afirma sentir-se em casa em Campo Grande. Ela tem um espaço com bolsas e produtos artesanais da Bolívia. “Eu vim para cá há 30 anoos e me sinto em casa. Vendo produtos artesanais típicos”, diz. Ela começou na Feira quando os primeiros shows e atrações começaram a acontecer por lá. Para ela, é uma questão de sobrevivência da identidade boliviana.
Comida que enche os olhos
Não há como passar reto das tradicionais saltenhas, os salgados bolivianos recheados de frango e legumes como batata e ervilha. Porém, há mais do que isso para ver e degustar na Praça Bolívia. As opções são variadas.
Umas das primeiras saltenhas a serem vendidas foram as da senhora Dione Cruz Bustamante, de 62 anos, filha de bolivianos. Hoje ela tem uma das barracas de onde saem mais fornadas de saltenhas fresquinhas, mas ela também conta que vende salgados como o relleno e a empanada de queijo. O relleno, conforme ela explica, é um salgado à base de mandioca, carne moída, e os tradicionais legumes como vagem, ervilha e azeitona.
“Eu nasci aqui e quando tinha meus filhos pequenos, comecei a vender salgados para coqueteis, salgados típicos da Bolívia. Fui aprimorando a receita, trabalhei no consulado boliviano e faço tudo em casa”, relata. Segundo Dione, ela vende cerca de 400 saltenhas e mais 200 salgados bolivianos em dia de Feira Bolívia. “O pessoal gosta e pede muito”, comemora.
SERVIÇO – A Feira Bolívia acontece todo segundo domingo do mês na Rua Dias Ferreira no Bairro Cophafé, sem cobrança de entrada e com atrações que variam mês a mês. Neste domingo (8), o tema do evento era os 40 anos do Mato Grosso do Sul.
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