Os fertilizantes têm a maior participação nos custos de produção no trigo, representando aproximadamente 25% do investimento na lavoura. Mesmo assim, o uso de adubação nitrogenada cresceu progressivamente na última década.
Orientar para boas práticas no uso eficiente de fertilizantes na cultura do trigo é o objetivo do artigo publicado pelos pesquisadores da Embrapa Trigo no último boletim do Internacional Plant Nutrition Institute (IPNI Brasil).
O uso de corretivos e fertilizantes responde por grande parte dos custos de produção do trigo, por outro lado esses insumos também são responsáveis pelo incremento na produtividade e podem impactar até na qualidade dos grãos.
A ureia tem sido o principal fertilizante utilizado no trigo devido ao menor custo por unidade de nutriente dentre os adubos nitrogenados disponíveis no mercado.
O acompanhamento das lavouras de trigo no Paraná durante mais de uma década (Emater/PR e Embrapa) mostrou aumento na adubação da cultura.
Na semeadura foram utilizadas adubos formulados contendo N, P2O2 e K2O em 9,8% da área de trigo no Paraná em 2002; subiu para 37,5% da área em 2012; e em 2014 esses fertilizantes na semeadura foram aplicados em 41,9% das lavouras.
Já a adubação nitrogenada de cobertura foi realizada em 56,4% das lavouras em 2000; subiu para 85,2% em 2012; e foi registada em 74,8% das lavouras de trigo em 2014.
Além da ampliação da prática no uso de fertilizantes, os dados apontam o aumento da dose aplicada, sendo que doses acima de 100 kg/ha de ureia (Nitrogênio) foram utilizadas em 50% da área de trigo monitorada na safra 2014.
"O produtor sabe que a disponibilidade de N é o principal fator determinante do rendimento do trigo, mas nem sempre aumentar a dose significa maior rendimento de grãos" alerta o pesquisador da Embrapa Trigo Fabiano De Bona.
Mas qual o limite de fertilizante para o melhor retorno econômico?
A Embrapa Trigo avaliou a máxima eficiência econômica de cultivares semeadas em 32 experimentos, conduzidos durante dez anos (1990 a 2000) no Rio Grande do Sul. O melhor resultado foi alcançado com 83 kg/ha de N, o que produziu 3.410 kg/ha no rendimento de grãos.
A quantidade de N recomendada pela pesquisa é de 60 a 120kg/ha, aplicando de 15 a 20kg/ha na semeadura e o restante em cobertura (perfilhamento e alongamento do colmo das plantas).
A aplicação de N no espigamento não aumenta o rendimento de grãos, mas pode favorecer a concentração de proteínas. De modo geral, a dose na adubação nitrogenada varia em função do teor de matéria orgânica, da cultura precedente, da região e da expectativa de rendimento.
"A aplicação de N ao solo no cultivo do trigo é uma das práticas de manejo mais seguras em relação ao retorno econômico.
As pesquisas têm demonstrado que a eficiência de uso do N oscila entre 12 a 21 quilos de grãos para cada quilo de N adicionado", conclui De Bona.
Segundo ele, além dos fertilizantes, o triticultor também não pode esquecer dos cuidados com o solo corrigindo deficiências de nutrientes, adequando características químicas e físicas antes da implantação da lavoura.
O artigo "Manejo Nutricional da Cultura do Trigo", de autoria dos pesquisadores Fabiano De Bona, Sirio Wietholter (Embrapa Trigo) e Cláudia De Mori (Embrapa Pecuária Sudeste) está no Jornal Informações Agronômicas, edição número 154, disponível no site do IPNI.
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