Daniel Alvarez Georges foi visto pela última vez em 2011, em Campo Grande; para polícia, ele foi executado e, corpo, ocultado.
Oito anos e 271 dias depois do desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, a Justiça em Ponta Porã, a 323 quilômetros de Campo Grande, o declarou oficialmente morto, por não restar dúvidas de que ele foi assassinado e, o corpo, ocultado, em crime ocorrido em maio de 2011.
O registro de óbito havia sido pedido pelo pai, o empresário Fahd Jamil, nome polêmico, relacionado a crimes da fronteira. Fahd chegou a ser conhecido como o “Padrinho do Paraguai”, sendo condenado, em 2005, a 20 anos de prisão por tráfico de drogas. O empresário não foi preso e, quatro anos depois, foi absolvido pelo TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).
No dia 20 de janeiro, a promotora Andréa de Souza Rezende, da comarca de Ponta Porã, considerou que os documentos anexados ao processo eram suficientes para demonstrar o desaparecimento de Daniel, “havendo fortes indícios de que tenha sido vítima de homicídio”.
A declaração de óbito foi dada pelo juiz da 1ª Vara Cível, Adriano da Rosa Bastos, em despacho do dia 27 e disponível no sistema nesta quarta-feira (29).
Na avaliação final, o juiz também seguiu a argumentação. “Conforme narrativa do Ministério Público no Inquérito Policial, (...) não restam dúvidas do homicídio de Daniel Alvarez Georges”.
O deferimento do registro de óbito será enviado ao cartório de registro civil de Campo Grande.
Desaparecimento – Daniel Alvarez foi visto pela última vez no estacionamento de um shopping em Campo Grande, no dia 3 de maio de 2011, quando tinha 43 anos.
Ele deixou quatro filhos, ainda menores, que moram com as respectivas mães e recebem assistência material e afetiva dos avós paternos. A situação judicial indefinida do pai causava transtornos a eles, como a privação de viagens, por conta da falta de autorização paterna ou na emissão de documentos relativos aos bens, o que levou Fahd Jamil a pedir o registro de óbito.
O pedido foi baseado no inquérito policial, que concluiu pelo homicídio e ocultação de cadáver, após extensa investigação, com relato de testemunhas e imagens de câmera de segurança, seguindo os últimos passos conhecidos de Daniel.
No dia 3 de maio, ele foi visto no período da tarde, almoçando em uma churrascaria no bairro Chácara Cachoeira em companhia de dois homens, identificados como sendo Alberto Aparecido Nogueira, o “Betão”, Cláudio Rodrigues de Oliveira, o “Meia-Água”.
Betão era considerado um dos maiores pistoleiros de Mato Grosso do Sul, sendo suspeito de mortes na região de fronteira; Meia-Água foi investigado como sendo mandante da morte do jornalista Paulo Rocaro.
Da churrascaria, segundo inquérito, seguiu para encontrar uma terceira pessoa no estacionamento do shopping, sendo levado de carona por “Meia-Água”.
No depoimento, os dois homens disseram que Daniel estava com “dívida no prazo”, o que significa débito com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Um mês antes de desaparecer, no dia 2 de abril, ele havia saído do Presídio de Mirandópolis (SP), após cumprir pena por tráfico de drogas.
Alberto Aparecido Nogueira e Cláudio Rodrigues de Oliveira foram indiciados pela morte de Daniel Alvarez, mas foram assassinados antes da conclusão do processo. Betão foi morto no dia 21 de abril de 2016 e seu corpo encontrado carbonizado, em Bela Vista; Meia-Água foi assassinado a tiros, no dia 18 de setembro de 2015, em São Paulo.
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