Comparada ao resto do país, a cidade tem cenário desfavorável por conta da disseminação da variante Delta.
Um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nesta terça-feira (31), alerta para o crescimento dos casos de Covid-19 na cidade do Rio de Janeiro, que segue em direção contrária do cenário da pandemia em todo o Brasil. Segundo os pesquisadores, houve uma interrupção de queda do número de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em determinado momento, porém as últimas semanas foram marcadas pelo aumento de notificação de casos.
As análises foram iniciadas na primeira semana epidemiológica, quando houve a notificação do primeiro caso no Rio e encerraram em 21 de agosto. Para os especialistas, o atual período da pandemia na cidade reúne características semelhantes ao estágio inicial, quando havia intensa circulação do vírus e baixa adesão às medidas de distanciamento físico, com taxas de ocupação de leitos próximas a 100% em diversos estados brasileiros.
Neste momento, o estado do Rio de Janeiro tem oito municípios com capacidade máxima de ocupação de leitos, incluindo a capital, com 96%. A nota técnica atesta ainda que a explosão do número de casos de Covid-19 pode ser resultado de um atraso da notificação, comprometendo a qualidade da vigilância.
O estudo destaca também algumas características da capital como prováveis causadoras deste aumento: o perfil heterogêneo da população; condições demográficas, econômicas e sociais; baixa cobertura vacinal e a pouca adesão ao distanciamento físico, o que aumenta a disseminação da doença e a circulação da variante Delta.
“A cidade do Rio de Janeiro possui uma dinâmica econômica e social de alta conectividade com outros centros urbanos, além de ter uma das maiores concentrações de aglomerados subnormais do país, o que favorece a disseminação da doença no território”, afirmam os pesquisadores.
Diante dos resultados, a Fiocruz sugere medida de adiamento, por tempo indeterminado, do início do plano de retomada gradual das atividades, não apenas pela cidade do Rio de Janeiro, mas por toda a região metropolitana.
“O aumento dos casos é o indicador mais sensível, muitas vezes o prenúncio do aumento de outros indicadores, como hospitalizações, taxa de ocupação de leitos e óbitos. Qualquer decisão de redução de restrições sobre a circulação de pessoas deve ser tomada a partir de uma tendência de queda de indicadores de forma sustentada no tempo. O momento é, portanto, de alerta”, concluem.
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