Produtos oriundos de estação de tratamento de esgoto possuem teores significativos de nutrientes utilizados no setor agro.
Na última quarta-feira (8), o diretor-executivo da Fundação MS, Alex Marcel Melotto, foi um dos palestrantes do I Seminário sobre Aplicação de Biossólidos em Solos no Mato Grosso do Sul, apresentando resultados de análise laboratorial verificando a efetividade dos produtos naturais serem aplicados na agricultura. O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção Mato Grosso do Sul (ABES-MS) e contou ainda com palestras de representantes da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Federação da Agricultura e Pecuário de Mato Grosso do Sul (Famasul), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)/WetLands e do Instituto Nacional de Ciência em Tecnologia (INCT) Estação de Tratamento de Esgotos (ETEs) Sustentáveis.
O evento teve como objetivo reunir especialistas de diversas áreas para discutir pautas relacionadas às soluções inteligentes para lodos decorrentes de Estações de Tratamento de Esgoto de (ETE’s) e contou com a participação de instituições nas áreas de pesquisa científica, saneamento ambiental, atividades agrícolas e pecuárias, gestores, consultores, operadores, órgãos públicos e estudantes.
A discussão sobre alternativas ao uso de fertilizantes na agricultura e o início de trabalhos pesquisa voltada para a demanda sobre biossólidos tende a crescer, já que há escassez de insumos no mercado. “Com tudo isso, há a informação de que um biossólidos oriundo de uma ETE possui até 4% de fósforo (P). Não tem como não imaginar esse produto sendo utilizado em nossas lavouras”, destacou Melotto.
De acordo com ele, a demanda de fósforo na agricultura sul-mato-grossense é alta. Todos os anos são utilizados, por exemplo, em média 120 kg de fosfato monoamônico (MAP)/hectare, totalizando, somente no Mato Grosso do Sul, mais de 420 mil toneladas por ano, a um custo total de R$ 5.300,00 por tonelada. Transformando somente em fósforo, são 290 mil toneladas de adubo formulado (P2O5) somente para a soja por safra. “Isso que estou me referindo somente a fósforo. Nós ainda usamos potássio (K), nitrogênio (N) e outros produtos”, ressaltou Melotto.
A agricultura utiliza ainda diversas fontes diferentes de fósforo, como fosfato diamônico (DAP), bicálcio, natural, natural reativo e natural parcialmente aciduado; hiperfosfato; superfosfatos simples e triplo; e termofosfato magnesiano. O desenvolvimento de uma nova fonte de nutrientes promove uma mudança no comportamento de toda a cadeia produtiva. Entretanto, para que o produto seja aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é necessário que haja garantia mínima. Quando uma empresa procura a Fundação MS para testar, validar e submeter ao órgão público da União para registro, é necessário que tenha uma série de fatores que viabilizem o comércio.
Os biossólidos são geralmente considerados como a fração útil do lodo de esgoto. Eles são geralmente mais concentrados em sólidos e menos patogênicos, tendo passado por um processo de estabilização como a dosagem química, digestão e/ou secagem.
Eventos como o seminário realizado pela ABES possibilita discussões mais aprofundadas e unificação dos trabalhos para que se possa encontrar as soluções necessárias para o objetivo final. Há uma grande perspectiva para a utilização de biossólidos em diversos setores da sociedade, possibilitando melhor utilização de recursos naturais para diminuição de problemas sociais.
“A ABES tem o compromisso com a saúde pública, levando informações e capacitando para construir. Esse evento tem esse objetivo. É uma mensagem propositiva. Queremos pensar o que podemos realizar, desenvolver e fazer para nosso estado”, disse o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção Mato Grosso do Sul (ABES-MS), Fernando Magalhães.
A entidade tem realizado encontros com diversas instituições para debater e encontrar caminhos para o setor. No mês de novembro, a ABES-MS realizou o 1º Seminário Contratos de Concessão e Parceria Público-Privada (PPP) em Saneamento à luz do Novo Marco do Saneamento. A instituição também tem debatido o novo marco regulatório do saneamento (Lei nº 14.026/2020).
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