Os desafios da educação no Brasil são muitos e esbarram em uma série de problemas que reduzem cada vez o número de jovens a se interessarem em atuar nas salas de aulas. Como se não bastasse, uma das principais iniciativas de formação de profissionais sente os reflexos da crise econômica e esta semana a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC), anunciou que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) poderá sofrer cortes no próximo ano, provocando indignação de professores e estudantes.
O Pibid oferece ao aluno a possibilidade de exercer, na prática, a docência antes da graduação. "O programa, para mim, é algo mágico, pois eu tenho aprendido muito. Tudo o que eu estudo na teoria, tenho a oportunidade de vivenciar na prática. O conhecimento e a aprendizagem que eu tenho recebido com a professora, com as colegas e com as crianças é inexplicável. Tem sido a melhor experiência. Depois que eu entrei no projeto, a minha vontade de atuar nessa área se confirmou", revela a estudante Jéssica Dias Gomes Garcia, do 4º ano de Pedagogia.
Ela é estudante da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), instituição com 696 bolsas para alunos desenvolverem iniciação à docência enquanto cursam faculdade. Com a supervisão de professores, os acadêmicos atuam em 69 escolas, juntamente com o professor de sala de aula. Já a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) tem mais de 200 alunos bolsistas do Pibid que atuam em mais de 50 escolas.
O Pibid é considerado pelo MEC como a segunda prioridade, ficando atrás do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). Ainda assim corre grande risco de ser cortado. O fim do programa é analisado por especialistas como um retrocesso na educação. Jéssica faz estágio na escola municipal Avani Cargnelutti Fhelauer, no Jardim Flórida, em Dourados, onde atende o ensino fundamental do 1º ao 5º ano. Entre as atividades desenvolvidas na escola destacam-se o “Projeto Trilhas”, voltado à alfabetização; o “Projeto Musicalização na educação infantil”, que articula múltiplas linguagens, tendo a música como foco; e o “Projeto Biblioteca Viva”, que objetiva aproximar as crianças ao mundo dos livros.
Os avanços com o programa trouxe melhorias e quem confirma é a professora Silvani Vilar, da escola Avani. "O Pibid tem se destacado devido ao comprometimento e seriedade que as bolsistas desenvolvem a teoria e prática. Ele está contribuindo para o desenvolvimento da expressão corporal, da oralidade, da leitura, da escrita e da musicalização dos alunos. Crianças, que antes eram introvertidas, que não participavam, que apresentavam dificuldades para ler e interpretar conseguem, hoje, realizar e conquistar o que antes era, para eles, difícil", relata.
Nesta semana, coordenadores do Pibid de universidades do país estiveram em Brasília na tentativa de manter um diálogo com o governo para manter no orçamento de 2016 verbas para o programa. Nada está definido, porém, o governo tem até o dia 4 de novembro para enviar adendos ao Projeto de Lei do Orçamento, prazo final para apresentação do relatório preliminar.
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