Impeachment não é palavra proibida, diz Aécio
Executiva nacional do PSDB se reúne em Brasília e decide apoiar protestos contra Dilma. / Foto: Débora Melo / Terra

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta quarta-feira que o partido dará apoio “irrestrito" aos protestos que serão realizados no próximo domingo em diversas cidades do País para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Questionado se a posição significava também apoio ao impeachment – já que a palavra não havia sido dito pelo tucano –, Aécio respondeu que o termo não é proibido, mas que o afastamento de Dilma não está em discussão no PSDB.

“Nós não proibimos nem estamos proibidos de dizer a palavra impeachment, ela somente não está na agenda do PSDB. Mas desconhecer que setores da sociedade defendem essa tese é desconhecer a realidade. Mas essa não é a agenda, neste momento, do PSDB”, disse Aécio após reunião da executiva nacional do partido, em Brasília. “Não há palavra proibida em uma sociedade democrática como a nossa”, completou.

Dilma: impeachment seria ruptura democrática e 3º turno

O encontro dos tucanos foi marcado justamente para definir a posição do partido nas manifestações de domingo. De acordo com Aécio, o PSDB não participa da organização dos atos, mas os protestos vão contar com a presença da militância tucana. O senador disse ainda que ele não participará de nenhuma das manifestações para não dar força ao discurso de “terceiro turno” eleitoral.

"Para não caracterizar esse movimento como algo partidário, até porque quanto menos partidário ele for, mais expressivo e mais consistente ele será, o PSDB estará nas ruas com seus militantes, mas sem a presença institucional de seu presidente", afirmou Aécio. “Eu, pessoalmente, optei por não ir, exatamente para não dar força a esse discurso de que estamos vivendo terceiro turno no Brasil. O fato de eu ter disputado a eleição com a presidente Dilma Rousseff pode fortalecer esse discurso, que não é verdadeiro”, continuou o tucano.

Para Aécio, as manifestações expressam um sentimento de “indignação” da sociedade diante da “degradação moral e gravíssimos problemas econômicos criados pelo governo da presidente Dilma”. Em relação a uma série de protestos, que estão sendo convocados pela CUT, pelo MST e pela UNE, o senador disse que indicam um governo "perdido".

"Estamos vendo um governo tão perdido que setores dele próprio articulam manifestações. É algo no mínimo extremamente arriscado. Nunca vi, na história da democracia brasileira, um momento em que o governo convoca a população a ir às ruas. Há uma exceção: o presidente (Fernando) Collor fez isso, e nós vimos o resultado”, afirmou.

Panelaço

Questionado se, para o PSDB, seria mais conveniente desgastar o governo Dilma ou apostar no afastamento da presidente, Aécio aproveitou para ironizar as declarações de que o panelaço realizado em algumas cidades do País durante o pronunciamento da petista no último domingo foi orquestrado pela oposição.

“Nós rejeitamos vigorosamente essa patrulha de setores do PT que chegam ao cúmulo do ridículo de dizer que o panelaço do último domingo foi patrocinado pelas oposições. Nem que nós tivéssemos um crédito ilimitado nas Casas Bahia ou no Ricardo Eletro nós não conseguiríamos encontrar tanta panela para atender a tantos brasileiros”, encerrou.