Só em 2020, 247 mil hectares do território Kadiwéu foram atingidos pelas chamas sem controle.
A Wetlands International Brasil e a Abink (Associação dos Brigadistas Indígenas da Nação Kadiwéu) promoveram no fim de semana, sábado (30) e domingo (31), uma oficina de produção de mudas no Território Kadiwéu, situado no município de Porto Murtinho.
“O objetivo dessa oficina é fortalecer os brigadistas da Abink, fortalecer a nossa luta pelo meio ambiente e trazer essas questões de recuperação de áreas degradadas no Pantanal, não só na teoria como na prática. Além de proteger as nascentes que temos dentro do território indígena, ou seja, voltar à vida que é trazer mais águas para as minas”, explicou o indígena da etnia Terena, Fernando Gonçalves, ministrante da oficina e consultor em sustentabilidade do projeto Tumuné Úti (Nosso Futuro), da aldeia Imbirussu, situada em Aquidauana.
A oficina de plantio de mudas faz parte do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas do TI Kadiwéu, do Programa Corredor Azul, da Wetlands International e Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal). Um programa que dentro dessas terras indígenas tem sido executado em parceria com a Abink, com o intuito de executar ações para conservação do bioma pantaneiro, considerada uma das maiores áreas úmidas do planeta.
Programa que tem sido crucial na comunidade visto que o Território Kadiwéu é uma rica área de biodiversidade do Pantanal que, nos dois últimos anos, viu grande parte da sua riqueza em flora e fauna ser engolida pelo fogo.
Só em 2020, 247 mil hectares do território Kadiwéu foram atingidos pelas chamas sem controle, o que corresponde a 45,9% do total de todo esse território que possui 538 mil hectares, conforme um levantamento do Lasa/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
“A oficina é de suma importância porque vai nos dar certa autonomia tanto para planejar como para executar o plantio de mudas nativas da região em áreas de nascentes. Aqui, já temos um viveiro de mudas construído, mas sentíamos essa falta de ter o conhecimento técnico para utilização do espaço”, explica o presidente da Abink e um dos alunos da oficina, Mesaque Rocha.
Dentro do viveiro estão sendo cultivadas espécies nativas do Pantanal e do Cerrado, como ingá, angico, ipê, entre outras. Foi a partir da coleta de algumas sementes e de mudas já existentes que as aulas foram preparadas com conteúdo teórico e prático, segundo informa o consultor de sustentabilidade, Fernando Gonçalves.
“A oficina vem para envolver tanto os brigadistas como a comunidade em geral. Aqui, foram trabalhadas questões que envolvem quebra de dormência das sementes, substratos orgânicos, técnicas de produção de mudas para plantio. Tudo para que o viveiro consiga ter germinação de espécies de forma rápida e de qualidade a fim de que as mudas saiam daqui para o plantio em áreas de nascentes e demais pontos do território que houver necessidade”, garante.
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