Durante quatro meses, o ge mergulhou nesse universo, marcado por competitividade em excesso, agressividade e frustrações pessoais de adultos depositadas em meninos.
Crianças ameaçadas de agressão por adultos; ofensas racistas contra meninos de 9 anos; uma casca de banana atirada num árbitro negro. Uma investigação do ge revela que os torneios infantis de futsal do Rio de Janeiro são disputados num ambiente tóxico, quase sempre criado por pais e mães dos candidatos a atletas.
Ao longo dos últimos quatro meses, a reportagem mergulhou nesse universo, marcado por competitividade em excesso, agressividade e frustrações pessoais de adultos depositadas em meninos. Tudo isso resultando em ofensas, violência verbal e física, racismo, homofobia, misoginia, ameaças a crianças, violência psicológica e crimes de ódio de toda ordem.
A viagem em torno dos jogos disputados por crianças também permite encontrar familiares dispostos a apoiar seus filhos, treinadores dedicados a educar e adultos que, ao fim dos jogos, atiram doces e balas na quadra, iniciando uma corrida que junta as crianças vencedoras e vencidas, minimizando os efeitos do resultado para jovens numa etapa de formação. No entanto, os bons exemplos parecem sufocados.
A quantidade e gravidade dos casos chamou a atenção de autoridades e entidades que atuam em defesa dos direitos de crianças e adolescentes. O Secretário Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro, Adilson Pires, afirma que se trata de algo "grave, absurdo".
- São pais despejando nas crianças preconceitos, ódio – disse o secretário, que promete procurar a Federação de Futsal do Rio de Janeiro para propor ações educativas conjuntas.
Cristiane Santana, do Conselho Tutelar do Rio, lembra que submeter crianças a constrangimentos "é uma violação de direitos". Já Priscila Pereira, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, faz um alerta:
– Os relatos refletem a dinâmica social brasileira. Estamos vindo de um processo pesado de discursos de ódio, de naturalização de racismo, homofobia. Estes casos ensinam a crianças que comportamentos violentos são aceitáveis. Os regulamentos precisam ser revistos, a Federação precisa criar regras claras de comportamento parental, educar preventivamente crianças e famílias. E talvez a segurança pública precise passar a estar presente.
Procurado pelo ge, o presidente da Federação de Futsal do Rio, Denilton Cymbron, alegou problemas de saúde para desmarcar uma entrevista presencial agendada. Em seguida, ele aceitou responder por mensagem a perguntas, que foram enviadas no dia 23 de outubro. No entanto, informou que por problemas particulares não teve tempo de elaborar as respostas.
A reportagem documentou cerca de 20 incidentes graves. A seguir, alguns deles serão relatados. Por questões legais e para evitar a exposição de crianças, os nomes delas serão omitidos. Assim como os nomes dos responsáveis, sejam eles agressores ou pais de vítimas, porque a simples menção permitiria que os menores fossem identificados dentro do ambiente de seus campeonatos.
RACISMO
Manhã de domingo, 28 de maio. A Ascaer, clube social da Associação dos Servidores Civis da Aeronáutica, localizada na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro, era apenas um dentre os tantos ginásios cariocas a receber as dezenas partidas de futsal realizadas a cada fim de semana. Mas o 4 a 4 entre o time da casa e o Madureira seria o episódio menos importante daquele dia.
De acordo com a súmula redigida pelo árbitro principal, Rômulo da Conceição Mendes, logo após o jogo uma torcedora do Madureira invadiu a quadra e jogou uma casca de banana no árbitro auxiliar, Carlos Aquilla Lima da Conceição. Carlos Aquilla é negro. Já seria um relato grave o bastante, não fosse pelo fato de que a cena ocorreu numa partida da categoria sub-9 do campeonato organizado pela Federação de Futsal do Rio. Estavam em quadra crianças de, no máximo, 9 anos. A mulher acusada de racismo é a mãe de uma delas.
O episódio que vitimou Aquilla revela uma dificuldade de reação a um ato violento praticado na frente de crianças. Quando a polícia chegou ao local, a mãe que havia atirado a casca de banana no árbitro já havia se retirado. O companheiro dela, segundo o relato da súmula, teria se posicionado num dos portões para evitar que a mulher fosse alcançada. Uma testemunha, que pediu anonimato, disse ter visto coordenadores do Madureira orientando a autora do ato racista a se retirar rapidamente. Pais que filmavam o jogo não quiseram ceder as imagens, por medo de punição ao clube da casa.
Aquilla registrou a ocorrência na delegacia da Ilha do Governador. Em nota a Polícia Civil informou que o processo está em fase de investigação e é acompanhado pelo Ministério Público. Ainda segundo a nota, "testemunhas estão sendo ouvidas e outras diligências seguem para esclarecer o caso". A mulher acusada de racismo alega que carregava uma sacola plástica com frutas para que seu filho comesse antes e após o jogo. E que a casca de banana teria caído por acidente.
Foi o mesmo relato feito pela defesa do Madureira em julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva do Futsal. A sessão foi transmitida ao vivo pelo YouTube, mas alguns depoimentos não foram ao ar também para preservar a identidade das crianças. No entanto, quando a transmissão foi retomada, o subprocurador do TJD, Zoser Hardman, mostrava indignação.
- É inadmissível o representante do clube (Madureira) dizer que atirar uma casca de banana não configura racismo – afirmou.
- Diria que 99% dos incidentes envolvem pais. No início, vinham muitas questões corriqueiras, inerentes ao jogo. Mas aí veio o racismo, começaram alguns casos graves. Eles constrangem crianças. Daqui a pouco, vamos precisar acionar a Vara da Infância e da Juventude – disse Hardman ao ge.
Outro obstáculo é o vínculo frágil entre alguns clubes e suas equipes de futsal. Há casos em que os times são terceirizados. No caso do Madureira, o presidente Elias Duba diz ter entregado a condução do departamento a ex-jogadores do clube.
- O futsal acabou ficando nas mãos de pessoas sem comprometimento. Eu soube do caso, é terrível para criança, ruim para a imagem do clube. Já reuni pais e disse que, se continuar, vou acabar com o futsal – afirmou Duba.
O TJD puniu o Madureira com multa de R$ 3.500,00, além de perda de mando de campo por cinco jogos. A mãe acusada de racismo está proibida de frequentar ginásios por 720 dias.
No entanto, o ato racista ocorrido na Ilha do Governador não foi o único. No dia 26 de junho, um menino de 9 anos, jogador do Heliópolis, usou sua conta no Instagram para contar que fora vítima de racismo na véspera, num jogo em Barra Mansa.
- Pega esse neguinho, tira esse neguinho da quadra.
Segundo o pai do menino, foram estas as palavras ditas por uma torcedora da Sociedade Esportiva Real, mandante do jogo. O responsável conta que apenas as crianças ouviram as ofensas racistas e só relataram aos pais ao fim do jogo. Já era tarde para identificar a agressora.
- Meu filho ficou desnorteado. Ele não dormiu à noite e me perguntava: “Pai, por que fazem isso? Por que falaram essas coisas?' – conta o pai do menino.
O árbitro da partida, Marcos Aurélio Moraes, conta que só soube do incidente ao sair do vestiário, após trocar de roupa. E disse à reportagem que, por não ter como identificar a autora do ato racista e por não ter presenciado o incidente, preferiu não relatar nada na súmula. O caso sequer chegou ao TJD.
- Na hora em que soube, achei que seria colocar a palavra de um contra a do outro. Nenhum dos quatro integrantes da equipe de arbitragem ouviu. Hoje, pensando bem, deveria ter relatado que houve a reclamação, para que o tribunal pudesse investigar – admite Marcos.
Ele define de forma bem direta o ambiente em que as crianças começam a vida esportiva.
- Há uma falta de respeito enraizada. O mais raro é chegar a um ambiente tranquilo e respeitoso. E quando a gente relata as coisas, fica marcado: “chegou aquele árbitro babaca que gosta de escrachar no relatório'.
HOMOFOBIA E MISOGINIA
Durante a semana, Suelen Ramos trabalha no setor de RH em uma empresa. A atuação na arbitragem de jogos de futsal mistura complemento de renda e o que ela define como amor pelo esporte. Não fosse tal sentimento, talvez não estivesse mais se submetendo a constrangimentos como o que viveu no último dia 27 de maio, em Petrópolis. O ginásio do Correas estava lotado de familiares das crianças de até 8 anos que corriam pela quadra. Naquele sábado, os ataques a Suelen começaram cedo. O estopim foi a expulsão de um jogador do Rio Esporte/Colégio logo com um minuto de jogo: dentro da própria área, ele evitara, com a mão, um gol do time da casa.
Se o desrespeito a árbitros, quase sempre praticado por pais, se tornou corriqueiro em partidas entre crianças, naquele dia Suelen percebeu que a situação saíra de controle.
“Filha da puta, piranha, gorda, sapatão... É covardia com uma criança de 8 anos.'
O combo de misoginia, homofobia e gordofobia retrata o ambiente violento em que crianças iniciam sua vida esportiva. Mais adiante, Suelen sentiu um puxão em seu cabelo, embora não conseguisse distinguir se fora a tela de proteção da quadra ou a mão de um torcedor. Ao se virar para a arquibancada, as demonstrações de ódio aumentaram de volume.
“Expulsa agora, sua filha da puta, piranha, gorda, escrota.' Suelen foi obrigada a paralisar a partida.
- Não quero generalizar. Há muitos trabalhos bacanas, famílias apoiando as crianças. Mas há os que colocam suas frustrações em cima da criança, por ignorância. Fazem daquilo uma guerra, em que cada um pode dizer o que quiser. Porque vale tudo para ganhar – diz Suelen.
Nascida e criada em Petrópolis, naquela manhã de sábado ela chegou a ouvir de um dos pais ameaças de que seria levada para uma favela local.
- Por vezes, há crianças que ouvem isso e acham que também podem resolver as coisas com xingamentos – afirma a árbitra, que faz de três a nove jogos por fim de semana. Cada membro da equipe de arbitragem recebe R$ 130 por uma rodada tripla, envolvendo partidas de três categorias diferentes.
- A taxa de arbitragem é paga pelos pais. E a gente tem que ouvir deles: “a gente paga pra você me roubar'. Está se perdendo o limite, a coisa está tomando uma proporção preocupante. E a criança ouve essas ofensas. O pai diz que é covardia eu expulsar uma criança. Mas não é covardia a criança ouvir isso.
Suelen pensou em denunciar os pais que a ofenderam. Mas não o fez.
- Você já viu alguém ser preso por homofobia? Ainda que esteja tipificado como crime? No fundo, eu só iria expor ou constranger a criança. Talvez eu tenha tido um cuidado que o pai não teve.
No TJD, o Rio Esporte/Colégio foi multado em R$ 5 mil. Não houve punição individual aos pais por não ter havido identificação dos autores das ofensas.
Tampouco foram identificados os pais responsáveis por ofender Natália Campos Miranda, que atuava como árbitra auxiliar do jogo entre Team Sports, clube de Vista Alegre, Zona Norte do Rio, e Flamengo. A partida, pelo campeonato sub-11 da federação, era disputada num clube da Marinha, na Vila da Penha, também na Zona Norte da cidade. E parecia controlada até o Flamengo marcar um gol em lance considerado discutível pelos torcedores do Team Sports. A partir daí, uma competição entre crianças de até 11 anos passa a ser pretexto para demonstrações explícitas do machismo e da misoginia tão habituais em estádios de futebol, nos jogos entre adultos.
Na súmula, são listados alguns dos termos dirigidos a Natália: “piranha', “filha da puta', “vagabunda', “vai voltar a brincar de boneca', “cachorra', “vai lavar uma louça'...
A punição ao Team Sports foi uma multa de R$ 1 mil.
CONSTRANGIMENTOS E MAUS TRATOS A CRIANÇAS
Há ocasiões em que, de vítimas, os árbitros passam a ser os únicos protetores de crianças expostas aos abusos praticados por pais. Fernanda Irineu foi surpreendida enquanto trabalhava como cronometrista no ginásio do colégio Salesiano, em Resende. Ali, o Resende Futebol Clube recebia a Liga Mageense pela Série Bronze do futsal carioca. O jogo, para crianças de até 9 anos, precisou ser interrompido antes dos 7 minutos. O motivo: um dos meninos do time visitante fora ameaçado de agressão pelo pai de um jogador do Resende.
- Do nada, o garotinho chegou na mesa soluçando, dizendo que o pai iria bater nele. No início, não entendemos se era o pai dele ou o pai de outra criança. Tentei acalmá-lo, para a gente entender o que se passara – conta Fernanda.
O menino, jogador da Liga Mageense, não seria o único a chorar naquela manhã. Ao verem a reação do menino, os pais das crianças de Magé entraram em quadra e alguns passaram a discutir com a torcida adversária.
- Os pais fizeram as crianças acharem que iria ter briga. Alguns começaram a atravessar a quadra na direção da torcida adversária e as crianças se desesperaram – relembra a árbitra.
Fernanda conta que o ambiente das partidas exige dos árbitros uma atenção com o psicológico das crianças. Muitas vezes, cabe a eles a primeira atenção a meninos assustados diante do ambiente tóxico, violento. O pai que ameaçara o menino acabou retirado do ginásio.
- A impressão é de que, quanto mais novas as crianças, piores são os pais. Estragam muitos jogos.
De fato, quase estragaram o encontro entre LG Irajá e Instituto Mangueira, uma partida para crianças de até 11 anos, no dia 23 de julho. Segundo a súmula do árbitro Geison Alexander Mendes, o pai de um dos jogadores do Irajá fez mais do que ofender a arbitragem.
- Pode dar outra porrada nele, filho, pode dar – dizia o pai, orientando o filho a agredir um adversário, outra criança, diga-se.
E embora a imensa maioria dos incidentes violentos tenha pais como protagonistas, há eventos que alertam para o papel dos treinadores. No dia 6 de agosto, um torcedor do Jacarepaguá Tenis Clube gritava insistentemente com um jogador do próprio time. Não ficou claro se o menino, de 12 anos, era filho do torcedor. Aos palavrões, reprovava a atuação do garoto e provocava fortíssima pressão sobre o menino, que começou a chorar em quadra.
Enquanto ofendia os árbitros, o homem foi retirado do ginásio do Olaria após a intervenção de coordenadores dos dois times. Mas o problema não terminou ali, conforme relatou na súmula o árbitro assistente Fernando Fernandes de Souza. Após seis minutos de paralisação do jogo, entrou em cena o técnico do Jacarepaguá, identificado como Antonio Alves. Embora dirija uma equipe de crianças com até 12 anos, teria defendido o torcedor expulso.
- Você tá tirando quem? O cara não fez nada! Você está brincando – teria dito Antonio, antes de iniciar uma série de xingamentos aos árbitros e até à comissão técnica adversária. Tudo isso sob o olhar das crianças.
O exemplo de pais e de treinadores, por vezes, molda as atitudes de crianças. No dia 2 de abril, um jogador da equipe sub-13 da Portuguesa foi expulso pelo árbitro Marcos Felipe Vieira após fazer uma falta por trás num adversário.
- Eu quero ver quem vai me tirar daqui. Vocês dois (árbitros) são uma cambada de filhos da puta. Vão tomar no cu de vocês. Eu não vou sair daqui – dizia o jovem.
A surpresa maior, no entanto, ocorreu a seguir. Segundo a súmula, no lugar de conter seu atleta, o técnico da Portuguesa, José Ricardo Sobreira, apoiou o menino.
- Fica aí mesmo, não sai da quadra, não!
A atitude chamou a atenção dos árbitros do jogo.
- Por vezes, a gente precisa ser um mediador entre pai e atleta. Há técnicos e coordenadores com uma competência absurda para lidar. Outros não. Lembro deste dia, um gol da Portuguesa foi anulado, uma mãe se descontrolou e precisou ser retirada. Aí veio a expulsão do menino, que reagiu dessa forma. A criança mora em área carente, tem uma realidade difícil em casa. A gente precisa entender o contexto. Mas aí o treinador incentivou a não sair. É uma idade importante, que direciona o futuro – avalia Bruno Maxwell, que era o árbitro auxiliar nessa partida.
Foi preciso que um coordenador do clube interviesse para acalmar o técnico e retirar o atleta.
- Eu nunca tinha visto um comportamento assim de um treinador. O coordenador da Portuguesa, que é muito bom, precisou vir para tirar o menino da quadra. E dar uma bronca nele – lembra Marcos Felipe Vieira, árbitro principal do jogo.
A reportagem solicitou à assessoria da Portuguesa um contato com o treinador e os coordenadores da equipe, mas não obteve retorno.
- Pais depositam o que não foram nos seus filhos. Para alguns é saída para situação financeira, mudança de vida. Enxergam aquilo de forma errada. Por vezes transferem para o árbitro. Tem homofobia, racismo. Tudo ao contrário do que é sadio para uma criança. Eu já fui ameaçado de morte numa quadra – conta Maxwell.
AMEAÇAS
E foi mesmo. Um dos episódios a que se refere Maxwell aconteceu no dia 3 de junho, no jogo sub-13 Instituto Mangueira x Grajaú, disputado na Vila Olímpica da comunidade. E o autor foi um coordenador da equipe local, que por regulamento não poderia ficar no banco de reservas da equipe. Indignado ao ter sua saída solicitada, o homem identificado como Reginaldo Vicente de Sant´Anna reagiu com ameaças nem tão veladas assim.
- Quando acabar o jogo, você mete o pé da Mangueira. Tá ouvindo, né? Quando acabar essa porra mete o pé daqui, senão vai dar ruim pra você. Tô te avisando, mete o pé quando acabar!
Não é raro que os xingamentos deem lugar a ameaças graves contra a integridade física de árbitros. Por vezes, envolvendo um traço da sociedade carioca: as comunidades dominadas por organizações criminosas.
No dia 15 de julho, foi a vez de Marcos Felipe Vieira ouvir ameaças contra sua vida. Uma partida sub-10 entre Team Sports e Heliópolis foi interrompida após 20 minutos, para que fosse retirada do ginásio uma mãe que insultava repetidamente o árbitro, com xingamentos de todo tipo. Foram três minutos de paralisação até que a mulher fosse convencida a sair. No entanto, ela retornou logo após o apito final e entrou na quadra, já tomada por crianças que se aqueciam para um jogo que começaria minutos depois.
- Se você for em Heliópolis, eu vou mandar te matar. Você não vai sair vivo de lá – gritava.
Vieira conta que o ambiente desse jogo, que reunia crianças de até 10 anos, já exigira uma intervenção.
- Havia torcedores atrás dos gols, debochando dos goleiros do adversário – conta o árbitro. – Precisamos tirá-los de lá. Aí a torcida do Heliópolis já começou a xingar a gente.
No segundo tempo, o tom das ofensas foi subindo. Vieira pediu a um diretor do Heliópolis que retirasse a torcedora mais exaltada, que retornou após o jogo.
- Ela me xingava e dizia que se eu fosse a Belford Roxo (município da Baixada Fluminense onde fica o bairro de Heliópolis) ela ia mandar me matar. Como uma pessoa fala que vai mandar matar a gente? Num jogo de futebol de crianças... A gente vive um momento violento na sociedade. Imagina se amanhã eu tenho uma festa pra ir com a família em Belford Roxo, você fica pensando: “Eu vou? Vai que essa mulher me vê por lá...'
VIOLÊNCIA
Brigas entre pais não são incomuns em partidas de base. No dia 16 de setembro, meninos de até 10 anos de Fluminense e Grajaú tiveram que parar de jogar por cinco minutos, até que coordenadores das equipes conseguissem retirar do ginásio duas mulheres: cada uma delas era responsável por uma criança de cada time, e as duas iniciaram uma briga na arquibancada.
Três meses antes, em Petrópolis, o jogo sub-11 entre Correas e Helênico foi interrompido após uma mãe atirar uma garrafa de refrigerante de dois litros, atingindo o ombro de um árbitro. O mesmo jogo teria, em seguida, sete minutos de paralisação para a retirada de um pai que ofendia persistentemente os árbitros. Ele se recusava a deixar o ginásio.
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