Campeão olímpico da canoagem de velocidade e capitã do time de rugby de sete, que venceu um câncer e voltou ao esporte, levarão a bandeira do Brasil na cerimônia de abertura, em 26 de julho.

Isaquias Queiroz e Raquel Kochhann serão os porta-bandeiras do Brasil em Paris
Isaquias Queiroz e Raquel Kochhann serão os porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura das Olimpíadas / Foto: Reprodução

No dia 26 de julho, a bandeira brasileira flutuará sobre as águas do rio Sena, em Paris, em uma cerimônia de abertura diferente, fora dos limites de um estádio. Em cima de um barco, dois atletas com trajetórias marcadas por valores e participações olímpicas levarão o símbolo nacional. O canoísta Isaquias Queiroz e a capitã da seleção feminina de rugby de sete Raquel Kochhann serão o casal de porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura das Olimpíadas 2024. Os dois foram anunciados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) nesta segunda- feira (22).

- Os porta bandeiras vão estar num barco, no Sena... Então, tem toda a referência com a canoagem, comigo, com a minha trajetória - comentou Isaquias.

Campeão em Tóquio 2020 no C1 1000m, Isaquias é dono ainda de duas pratas e um bronze na Rio 2016. Em Paris, vai disputar o C1 1000m e o C2 500m e pode ser tornar o maior medalhista olímpico brasileiro caso chegue à soma de seis medalhas em três Olimpíadas, ultrapassando as cinco dos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt.

Para Raquel, a superação dos desafios vai muito além do que ela enfrenta em quadra. A capitã das Yaras descobriu um câncer de mama há pouco mais de dois anos, depois de já ter duas participações em Jogos Olímpicos, na Rio 2016 e em Tóquio 2020. Retirou-se do esporte, fez a cirurgia de mastectomia para retirada da mama e do tumor, passou por um longo tratamento oncológico. Sobreviveu e decidiu voltar ao rugby em busca de sua terceira Olimpíada.

- Eu devo ao esporte a recuperação do meu corpo durante esse tratamento, porque o que era pedido que eu fizesse eu fazia ao pé da letra e o resultado foi positivo - disse Raquel: - Então, isso também eu deixo de mensagem para quem passe por esse processo.

Presidente do COB, Paulo Wanderley ressalta que os porta-bandeiras de um país dão início à saga dos Jogos Olímpicos, e que as escolhas para Paris traduzem o espírito olímpico em suas várias versões.

- São dois atletas que representam qualidade, excelência e os valores olímpicos. O Isaquias Queiroz é um multimedalhista olímpico, com três medalhas em uma mesma edição dos Jogos, único atleta assim, e além disso ainda tem uma medalha de ouro, em 2021, e poderá agora bater mais um recorde e ser o maior medalhista do Brasil de todos os tempos. E a Raquel é um símbolo total de superação. Passou por um processo muito sério, muito grave, de um câncer de mama, se afastou, se recuperou, treinou e está novamente na seleção, como capitã. Então estamos muito bem representados pelo olimpismo - avaliou o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Paulo Wanderley.

Os dois atletas têm ainda mais em comum do que se imagina. Raquel foi professora de canoagem, remo e vela no projeto navegar, em Caxias do Sul, e afirma que Isaquias sempre foi uma inspiração. O canoísta, por sua vez, está cheia de expectativa para viver esse momento especial ao lado da companheira de Olimpíadas.

- Um momento incrível tanto para mim quanto para ela, principalmente pela questão da da vida dela, da história dela. Então eu acho que vai ser um momento mágico pra nós dois.

Na história

Em 100 anos de história do Brasil em Olimpíadas até Tóquio, foram 20 porta-bandeiras diferentes, em 21 edições. Sylvio de Magalhães Padilha e João Carlos de Oliveira, do atletismo, foram os únicos que carregaram a bandeira em duas edições. Os brasileiros não participaram das Olimpíadas de 1928 por conta da grave crise econômica que o país vivia naquele ano. Em 1940 e 1948, os Jogos não foram realizados por conta da Segunda Guerra Mundial.

Na história, o atletismo é o grande celeiro de porta-bandeiras do Brasil, com oito representantes. O basquete tem quatro. A vela e o judô vêm logo em seguida, com três.

Em Tóquio, o Brasil decidiu escolher um homem e uma mulher para dividirem a missão de porta-bandeiras pela primeira vez.