Homem de 19 anos estava 'se relacionando' com criança de 11 anos.

Justiça condena mãe que mandou abusador da filha para tribunal do crime em Campo Grande
/ Foto: Reprodução

A Justiça de Mato Grosso do Sul condenou Thaynara Ribeiro Gomes a seis anos de reclusão em regime semiaberto e ao pagamento de 10 dias-multa pela prática dos crimes de cárcere privado e integração a organização criminosa. Ela foi acusada de envolvimento direto no sequestro, julgamento e assassinato de Felipe Batista de Carvalho, 19 anos, em um “tribunal do crime” comandado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo informações do Ministério Público, Felipe tinha um relacionamento com a filha de Thaynara, uma criança de 11 anos.

O caso

 
Conforme a denúncia, entre os dias 15 e 16 de abril de 2022, Felipe foi atraído por Thaynara até sua residência, sob o pretexto de conversar com membros da facção criminosa. A vítima foi então mantida em cárcere privado enquanto se iniciava um julgamento informal — prática típica dos chamados "tribunais do crime".

A acusação sustentou que Thaynara possuía sentimentos amorosos por Felipe e, ao perceber que ele mantinha envolvimento com a filha, teria se sentido rejeitada, apesar de a legislação brasileira considerar estupro qualquer relação com menor de 14 anos, mesmo que com suposto consentimento da vítima. 

Thaynara então acionou o pai da criança, Paulo Cesar Leite Modesto, preso à época, que coordenou, de dentro do sistema prisional, a articulação com outros membros do PCC para a execução do julgamento e posterior homicídio.

Julgamento e morte

O primeiro local escolhido para o julgamento, conhecido como “1ª Cantoneira” ou “Invasão da Homex”, acabou sendo abandonado após tumulto no ambiente. A vítima foi então levada para a “2ª Cantoneira”, situada na residência de uma testemunha. Lá, foi enforcada por integrantes da facção, entre eles indivíduos identificados por apelidos como “Jamaica”, “Gordinho” e “Ceifador de Almas”.

O Ministério Público sustentou que, durante todo o tempo, Felipe esteve amarrado e impossibilitado de se defender. 

Ocultação do cadáver

Após o homicídio, o corpo de Felipe foi transportado em um carro branco até uma área de matagal, onde foi ocultado. Ele só foi encontrado em 20 de abril de 2022, na Rua Wilson Paes de Barros, região rural da capital sul-mato-grossense. Um papel com dados bancários de Thaynara foi localizado junto aos pertences da vítima, corroborando o vínculo dela com o crime.

Ela foi absolvida da acusação de homicídio qualificado contra Felipe Batista de Carvalho, com base no artigo 386 do Código de Processo Penal.

As penas foram fixadas da seguinte forma:

1 ano de reclusão pelo crime de cárcere privado;
5 anos de reclusão e 10 dias-multa pelo crime de organização criminosa.
As penas foram somadas pelo critério do concurso material, totalizando os seis anos de prisão. Não foi concedida substituição por penas restritivas de direitos.