Por unanimidade, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) negou habeas corpus a uma mulher que teria sido mandante do estupro de uma jovem de 19 anos violentada por três homens e dois adolescentes. O crime ocorreu em maio na Aldeia Bororó, em Dourados, no sul do estado.

A defesa alegou que a mulher, que é indígena assim como a vítima, tem bons antecedentes, é mãe de família com residência e emprego fixo. Argumenta ainda que ela é inocente, sendo falsas as acusações que ela seria mandante do crime e pagou por isso.

Os desembargadores Ruy Celso Barbosa Florence, Luiz Gonzaga Mendes Marques e Carlos Eduardo Contar concordaram que as condições pessoais da mulher não bastam para conceder o pedido, por isso, negaram o habeas corpus.

Crime
Segundo a Polícia Civil, a vítima estava em uma reserva indígena do município e participava de uma festa quando foi abordada pelos suspeitos. Eles teriam recebido R$ 80 de uma mulher que queria se vingar da vítima. A jovem foi localizada desmaiada por moradores e encaminhada ao hospital.

Durante as buscas, investigadores encontraram o adolescente que recebeu o dinheiro, além de um garoto de 12 anos e os outros suspeitos de 20, 26 e 23 anos. Todos foram reconhecidos pela vítima.

Vingança
A jovem seria suspeita do assassinato de um parente da mulher, o que teria motivado o estupro. “Nossas investigações apontam que a vítima e uma outra mulher teriam matado um parente da mandante deste crime. Seria este o motivo da suspeita dar dinheiro aos envolvidos, mas somente vamos ter certeza do fato com o depoimento dela”, afirmou a delegada Roseli Dolor, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Dourados.

Em 2012, conforme a delegada, a vítima e uma outra mulher mataram o tio da mandante do estupro. “A menina, que na época era menor de idade, ajudou outra jovem a matar o tio porque ambas estavam sendo chantageadas. Desde então, a sobrinha quis vingança e agora deu esta ordem aos suspeitos”, comentou.

Conforme Roseli, todos os indígenas consumaram o ato sexual contra a jovem. “Ela está muito abalada. Já recebeu alta médica e está recebendo apoio dos familiares. Estamos esperando mais algumas horas para entrar em contato e saber exatamente quando a vítima prestará depoimento”, explicou a delegada.

Morte
A ordem da mandante era que a jovem também fosse morta, segundo a polícia. Durante as agressões, a jovem ressaltou que desmaiou e por isso eles acreditaram que ela estava morta.

“Ela disse que levou tapas, socos, principalmente no rosto e por isso logo desmaiou. Além dela, o dono da casa perto onde ocorreu o crime e também os cinco suspeitos foram ouvidos”, explicou Roseli.