Um mês após a partida de João Junior Avelino da Silva, 62, ou simplesmente o “João da União”, a família relembra a trajetória do empreendedor, pai, esposo e avô que marcou a todos que puderam conviver com ele.
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Um mês após a partida de João Junior Avelino da Silva, 62, ou simplesmente o “João da União”, a família relembra a trajetória do empreendedor, pai, esposo e avô que marcou a todos que puderam conviver com ele. Ele é uma das 441 vítimas da Covid em Dourados, doença que já matou mais de 400 mil brasileiros desde o início da pandemia.
Apesar da tristeza da perda, filhos guardam com carinho e relembram da imagem participativa do pai na cidade. “Meu pai era bastante conhecido em Dourados, por conta da nossa empresa a União Pneus e também da comunidade católica que era muito participante. Ele estava vivendo um sonho, após ter conseguido ampliar a empresa do jeito que sempre quis. Ainda é difícil de acreditar que ele se foi”, conta a filha Simone Martins, 36.
Sempre muito empenhado em trabalhar, João começou “batendo marreta”, como lembra a filha e, aos 25 anos, em 1984, abriu uma pequena borracharia na rua Josué Garcia Pires, antiga W11, no Jardim Água Boa.
“Ele trabalhava sozinho. Era só uma porta, inicialmente, para atender consertos. Ele não tinha dia, nem horário, trabalhava muito”, diz a filha.
O trabalho “duro” começou a gerar frutos e João era muito procurado na região e, conforme aumento da demanda de trabalho, ele migrou para um local um pouco maior no mesmo bairro, na Noca Dauzacker, antiga W12.
Inicialmente o ponto era alugado, mas diante de uma oferta dos proprietários para compra daquele ponto de forma parcelada, o empreendedor iniciante optou por aceitar e, com isso também contratou funcionários para conseguir ‘pegar’ mais serviços e quitar a parcela do imóvel.
“Com algum tempo nesse local, ele tinha oito funcionários e também já trabalhava com vendas lá”, conta a filha. Diante de dificuldade para atender caminhoneiros no ponto, já que houve limitação do tráfego de caminhões na via, João optou por mudar a empresa de local. Com isso a União Pneus, foi migrada para a BR-163, próximo ao Trevo da Bandeira.
“Neste ponto, a empresa permaneceu por seis anos”, conta a filha, citando que após esse período, novamente o pai buscava ampliar o negócio para atender também serviços de recapagem agrícola. Para dar sequência ao sonho, João investiu em maquinários, insumos, funcionários e em um novo espaço na BR-163.
Com isso, em dezembro de 2020, foi inaugurada a nova sede da União Pneus com atendimento de recapagem de caminhão, de máquinas agrícolas e de recauchutagem em geral.
“Ele estava vivendo o momento que sempre buscou viver. Trabalhou a vida inteira para conseguir chegar onde chegou e infelizmente, ficou pouco tempo conosco neste novo local e o que fica é a saudade”, conta Simone.
A partida de João, ocorreu após 16 dias internado, sendo 10 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) lutando contra o vírus. Ele deixou a esposa Ruth Martins, com quem foi casado 42 anos e os filhos Simone, Robson e Juliano. Simone conta que o pai sempre foi um “exemplo” e todos os filhos optaram por trabalhar na União Pneus.
“Ele sempre foi nosso espelho. Desde crianças nos trazia para a empresa e fomos pegando o gosto junto. Ele dizia depois que aqui era nossa ‘faculdade’ e nós três nos empenhamos em trabalhar com ele e fazer da União também a nossa vida e agora temos mais ainda essa responsabilidade, diante da partida dele”, conta, ao lembrar ainda que o pai tinha muito orgulho em dizer que a família trabalhava junto.
Além da saudade, Simone conta que ficam muitos “porquês”.
“Os clientes sempre perguntam, mas como assim? Um homem forte e bondoso daquele se foi”, diz. A dedicação e o entusiasmo de João com o trabalho fizeram a União Pneus ser o que é, referência na área de recauchutagem, vendas e serviços.
Para a filha, o pai deixa um legado em Dourados e uma missão para a família de que a empresa continue a ser “como João sonhou”.
“Vamos dar continuidade a esse sonho. Hoje contamos com uma infraestrutura nova, 22 funcionários diretos e 10 indiretos. Temos uma grande missão e queremos que nosso pai continue a ter orgulho de nós onde estiver”, diz.
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