Mãe registra transição do filho transgênero em vídeo: "Não é fácil ser eu, ninguém quer ser meu amig
Milla Brown tem 9 anos e diz sofrer muito bullying no colégio. / Foto: Reprodução

O britânico Milla Brown, de 9 anos, tem duas irmãs, adora super-heróis desde pequeno e sofre bullying no colégio. Milla Brown nasceu menina e foi diagnosticado com transtorno de identidade de gênero - ou seja, nasceu menina, mas seu cérebro o identificava como menino. O conselho dos médicos foi possibilitar que ele pudesse fazer a transição para menino assim que possível e sua mãe registrou o processo em um vídeo no qual Milla fala sobre as dificuldades que enfrenta e pede apoio.

"Não é fácil ser eu. Estou passando por um momento muito difícil na escola, as crianças me provocam o tempo todo, eles me chamam de menina gay e esquisito. As pessoas não me entendem e ninguém quer ser meu amigo. Eu só quero que as pessoas me aceitem pelo o que eu sou. Tenho sorte de ter uma família incrível que me apoia 100%. Decidi que quero tomar o próximo passo e partir de hoje viver e ser conhecido como menino e espero ter o seu apoio", diz Milla no vídeo publicado por Renée Fabish no Facebook, que já tem mais de 3,8 milhões de visualizações.

Renée reuniu uma série de fotos desde os primeiros dias de vida de Milla para explicar como foi o processo de descoberta e transição. "Desde os dois anos Milla sempre se definiu como um menina-menino, uma menina que gostava de coisas de menino desde cedo. Ela insistia em vestir pijamas e fantasias de menino - e nós não tínhamos nenhum problema com isso", conta a mãe. Entre os personagens favoritos dela, estavam Batman, Homem-Aranha e as Tartarugas Ninja. Ela nunca brincou de boneca e preferia trens e caminhões.

Segundo Renée, foi a partir dos 6 anos que Milla decidiu parar de usar roupas de menina e começou a pedir para cortar o cabelo curtinho. "Todos nos diziam que era apenas uma fase. Falavam: 'Ela é apenas uma moleca, ela vai mudar.' O problema é que as fases acabam e a maioria das molecas não querem ser meninos", recordou.

Um dia Milla começou a chorar se perguntando porque havia nascido daquela forma. "Ela começou a fazer comentários como: 'Eu quero ser um menino, não só parecer um menino, mas realmente ser um menino'. Eu percebi que ela aos poucos estava ficando reclusa e deprimida. Ela dormia chorando toda noite", contou. Segundo ela, Milla chegou a dizer que cortaria os seios se eles começassem a crescer.

Após consultas com endocrinologistas e psiquiatras, Milla foi diagnosticada com transtorno de identidade de gênero e os pais, aconselhados a permitir que ela fizesse a transição assim que possível. "Isso é algo que está em sua composição genética e não foi causado ou incentivado pela nossa criação. Não foi algo em que ela foi introduzida e não é algo que ela pode 'sair'. É o que é. Não temos dúvidas de que Milla está investindo tudo nesta ideia de ser reconhecida como menino. A única coisa que mudou para nós foram os pronomes. Nós o apoiamos imensamente e de todo o coração", comentou Renée.

A mãe de Milla reforçou que muitos transgêneros sofrem de transtornos psicológicos causados pela falta de aceitação e bullying constante e alguns têm pensamentos suicidas por isso. A família pede o apoio de todos para começarem a tratar Milla da forma como ele quer: como um menino.

"Tudo o que podemos fazer é preparar o nosso filho com as habilidades necessárias para lidar com as pessoas que têm cabeça pequena. Ser transgênero não é uma escolha - confie em mim, não é a vida que você escolheria para o seu filho. O nosso filho tem o direito de ser feliz como qualquer outra criança. Todo mundo está enfrentando uma batalha desconhecida. Lembre-se de ser gentil sempre", finalizou.