No Brasil, houve um aumento de 31% no número de mortes por doenças cardiovasculares desde o inicio da pandemia. Confira a entrevista com a cardiologista Dra. Isabela Volpato.
Pessoas com doenças cardiovasculares e idosos são mais propensos a desenvolver complicações da Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e cartórios de registro civil do Brasil, apontou um aumento do número de mortes por problema do coração em todo o país, na pandemia do coronavírus.
Em entrevista ao PROGRESSO, a cardiologista Dra. Isabela Pezzini Volpato, que atende em hospitais de Dourados, explicou porque o covid-19 é tão devastador nos devastador nos pacientes com doenças cardiológicas crônicas.
"O Covid-19 pode gerar danos aos miócitos, isto é, as células musculares cardíacas. A grande responsável por esses danos é a resposta inflamatória sistêmica exacerbada do nosso do nosso organismo ao vírus. Além de distúrbios imunológicos desencadeados pela invasão viral e a progressão da doença.
A doença inflamatória sistêmica leva uma lesão à parede dos vasos sanguíneos, o endotélio e predispõe a formação de trombos nos vasos sanguíneos, levando ao tromboembolismo venoso e outras complicações. Outro fator crucial observado é que houve um aumento nos casos de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral isquêmico. Não podendo esquecer das arritmias cardíacas graves", alertou a médica.
Além dos cuidados básicos de máscara e álcool em gel e distanciamento social, pacientes cardíacos devem redobrar a atenção nesse período de pandemia. "As dicas para esses pacientes é estar em dia com os exames cardiológicos. Sabe-se que as doenças sem devido acompanhamento geram risco mais alto ainda para as complicações da COVID-19. Principalmente a hipertensão arterial e o diabetes mellitus.
"Não suspender as medicações, sem a orientação do médico assistente. Realizar atividades físicas regularmente, tendo criatividade para realizá-las em casa, como danças, esteiras, bicicletas. Estar "de bem com a vida", pensar que a crise é passageira e vamos vencer. Não esquecer da saúde mental, realizar uma terapia, ler um livro, meditar e orar. Escutar uma música que gosta", ressaltou Dra. Isabela.
Aumento de mortes
Os cartórios de registro civil registraram aumento de 31% no número de mortes por doenças cardiovasculares entre 16 de março, quando os estados começaram a decretar a quarentena por causa da pandemia da covid-19, a 31 de maio, em comparação com o mesmo período de 2019.
De acordo com o agência Brasil, os dados fazem parte do novo módulo do Portal da Transparência, que reúne os óbitos por doenças cardíacas. O módulo foi desenvolvido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Porém, o levantamento da SBC mostra que os óbitos por infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) registraram queda de 14% e 5% respectivamente, no período analisado, o que, na avaliação do presidente da entidade, Marcelo Queiroga, pode estar diretamente relacionado ao aumento do número de mortes em domicílio e à dificuldade do diagnóstico exato.
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