A Secretaria de Estado da Saúde divulgou na terça-feira (3) que os exames realizados no Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) identificaram como febre maculosa a causa da morte da criança de 12 anos, moradora de São Carlos do Ivaí, ocorrida no último dia 14 de janeiro, no Hospital Universitário de Maringá.

A menina esteve em viagem de férias em um sítio na cidade de Ribeirão Claro, no norte pioneiro do Estado, no período de 20 de dezembro de 2014 a 4 de janeiro de 2015. Começou a ter dores de cabeça, desânimo e falta de apetite e ao retornar a sua cidade natal seu quadro de saúde piorou. Após internação no hospital municipal, foi transferida para o Hospital Universitário de Maringá, onde morreu.

"A suspeita inicial da causa da morte foi dengue porque a cidade onde a família mora está em epidemia, mas o diagnóstico foi descartado e novos exames foram realizados até a confirmação de febre maculosa", explica a coordenadora da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da Secretaria Estadual da Saúde, Themis Buchmann. Segundo informações da família, a criança havia ido pescar em lugares onde havia muitas capivaras.

A febre maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela, um hematófago da espécie Amblyomma cajennense, encontrado em animais de grande porte como bois e cavalos, mas que também pode ocorrer em cães, aves domésticas, roedores e animais silvestres, como o gambá e a capivara. Segundo o Ministério da Saúde, a doença ocorre em todos os estados brasileiros, mas com predominância do sul e sudeste. Em 2013, por exemplo, a região sudeste registrou 78 casos de febre maculosa com 36 óbitos. Na região sul, no mesmo ano, foram confirmados 31 casos da doença e nenhuma morte.

Essa doença, que pode levar à morte em 40% dos casos, é transmitida quando o carrapato permanece em contato com a pele humana por, pelo menos, de quatro a seis horas. Os primeiros sintomas, como febre alta súbita, dores no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e desânimo, aparecem de dois a 14 dias após a picada.

De acordo com a coordenadora, a semelhança dos sintomas de dengue, febre tifóide e leptospirose, por exemplo, dificulta o diagnóstico. "Além da febre alta, dores no corpo e dor de cabeça, outra característica peculiar da febre maculosa é o surgimento de manchas avermelhadas ou pequenas erupções cutâneas que aparecem nas mãos e nos pés", explica.
Em razão disso, a pessoa que apresentar os indícios mencionados deve, ao procurar atendimento de saúde, relatar a sua rotina antes do início dos sintomas, para que assim seja possível diagnóstico precoce, aumentando as chances de cura.

A partir da suspeita de febre maculosa, o profissional de saúde deve iniciar imediatamente o tratamento com antibióticos, sem esperar a confirmação laboratorial, para evitar complicações.

2º caso – Nesta semana também foi confirmado o diagnóstico de febre maculosa para um caso importado que estava em investigação no Paraná. Um homem de 48 anos, vindo da região do pantanal matogrossense, cuja profissão era campeiro de gado e que foi atendido dia 25 de dezembro na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sabará, em Londrina. Ele apresentava febre, dores de cabeça, nas articulações e abdominais, vômitos e cansaço. Com o agravamento de seu quadro clínico, o paciente foi transferido para o Hospital Universitário de Londrina, onde teve complicações hepáticas e renais, morrendo no dia 29 de dezembro.

O diagnóstico de febre maculosa foi feito após descartada a morte por dengue e leptospirose.

Capacitação – Em 2013, os profissionais dos oito Núcleos de Vigilância Entomológica do Paraná foram capacitados pelo Ministério da Saúde e Fiocruz para vigilância do vetor. "O objetivo da capacitação foi preparar os técnicos da área para monitorar a ocorrência do carrapato estrela no estado", explica Themis. Em 2014, essas equipes coletaram amostras de carrapatos nas regiões norte, noroeste e no litoral do Estado, onde houve notificação da doença, sem registro de mortes.

Orientações:

• Recomendado o uso de vestimentas que evitem o contato com os carrapatos, de preferência de cor clara para facilitar sua visualização.
• Repelentes podem ser aplicados às roupas e calçados.
• Carrapatos detectados nas roupas devem ser coletados com o auxílio de pinça ou utilizando-se fita adesiva.
• Não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e contaminar partes do corpo com lesões.
• Examinar o próprio corpo a cada 3 horas, a fim de verificar a presença de carrapatos e retirá-los, preferencialmente, com o auxílio de pinça. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção.
• Comunicar à Secretaria de Saúde de seu município sobre áreas infestadas em ambiente rural ou urbano.