Preço do litro do biocombustível saiu de R$ 3,92, na primeira semana de janeiro, para R$ 4,07, na semana passada, aponta ANP.

Mesmo sem alta de impostos, etanol sobe R$ 0,15 no intervalo de um mês em MS
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Os postos de combustíveis elevaram os preços da gasolina e do óleo diesel acima do que era precificado no início deste mês. Além disso, o valor médio do etanol apresentou alta de R$ 0,15 ao longo de um mês, sem que houvesse nenhum aumento de impostos ou alta da matéria-prima.

Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro do biocombustível saiu do valor médio de R$ 3,92, na semana que terminou no dia 4 de janeiro, e passou a R$ 4,07, no dia 8 deste mês.

No mesmo período de um mês, o preço médio da gasolina subiu R$ 0,17, indo de R$ 5,96 a R$ 6,13. Já o óleo diesel comum subiu R$ 0,28, saindo de R$ 6,03 e passando a R$ 6,31.

O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que, sempre que há uma elevação da gasolina, o etanol acaba aumentando, por fazer parte da composição do combustível fóssil.


“O etanol faz parte da composição do preço do combustível fóssil, desta forma, altas dos combustíveis culminam em aumento do etanol”, diz. 

Desde o dia 1º, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado pelos estados sobre a gasolina aumentou em R$ 0,10, repasse que deveria ser automático para os consumidores.

No entanto, segundo o levantamento da ANP, o preço médio da gasolina subiu R$ 0,13 em uma semana, passando de R$ 6,00 para R$ 6,13 nos postos pesquisados no Estado.

Conforme antecipou o Correio do Estado no mês passado, a alíquota do ICMS sobre a gasolina aumentou R$ 0,10 por litro, de R$ 1,37 para R$ 1,47. Já a alíquota sobre o óleo diesel subiu R$ 0,06, de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro.

Segundo o Comitê Nacional de Secretarias Estaduais de Fazenda (Comsefaz), o aumento neste ano reflete a alta dos preços nas bombas entre fevereiro e setembro de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Mesmo sem nenhuma alteração tributária, o etanol também registrou aumento de R$ 0,06 em uma semana. Na pesquisa finalizada no dia 1º, o litro custava, em média, R$ 4,01 e, uma semana depois, o valor subiu para R$ 4,07.

Além do aumento causado pela alta no ICMS, o diesel ainda teve um reajuste de R$ 0,22, também a partir do dia 1º, nos preços praticados nas refinarias da Petrobras. 

TROCA
Apesar de ter apresentado aumento no último mês, em Mato Grosso do Sul continua sendo vantajosa a substituição da gasolina pelo álcool combustível. 

Para descobrir se compensa fazer a troca, é preciso dividir o valor do etanol pelo da gasolina, e o resultado deve ficar abaixo de 0,70. Por exemplo, ao dividir R$ 4,07 (etanol) por R$ 6,13 (gasolina), o resultado é 0,66, portanto, neste caso, a substituição é viável no Estado.

Em Campo Grande, a troca também compensa ao consumidor, já que na semana passada o preço médio do biocombustível foi de R$ 3,94, enquanto a gasolina custava R$ 6,00, diferença de 0,65. 

O economista Eduardo Matos ressalta que o preço praticado atualmente pelo Estado para o etanol é um dos menores do País. 

“Mesmo com a alta acumulada, ele é um dos mais baixos na história do Estado. Isso por conta dos investimentos que a cadeia recebeu, é claro, a cana-de-açúcar, que historicamente é o principal, mas também a abertura de usinas de etanol de milho”, frisa.

O Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, desenvolvido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), aponta que, em janeiro deste ano, as diferenças regionais de preço podem justificar uma economia relevante na escolha entre as alternativas para veículos equipados com tecnologia flex. 

Em estados como o Rio Grande do Sul e o Maranhão, por exemplo, a gasolina se mostrou bem mais vantajosa, com a relação de custo-benefício favorecendo o abastecimento com esse combustível. Assim como em Mato Grosso do Sul, a opção pelo etanol ainda se mostra mais vantajosa também em Mato Grosso, São Paulo e Goiás.

OFERTA
Na terça-feira, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) apresentou os principais destaques do setor em 2024, ano que ficou marcado como a maior oferta de etanol da história. 

O volume gerado atingiu 36,83 bilhões de litros, 4,4% acima do registrado em 2023. Do total fabricado em 2024, 7,7 bilhões de litros foram produzidos a partir do milho, o que representa um aumento de 32,8% em relação ao ano anterior. 

Os indicadores consolidam o Brasil como o segundo maior produtor do mundo, no ranking liderado pelos Estados Unidos.