Lucro passa por tantas deduções que o valor final de uma corrida chega a ser mísero.

Motoristas de aplicativo que antes forneciam 'sombra e água fresca' — literalmente — para os passageiros, mudando o panorama financeiro e de comodidade para milhares de pessoas, hoje sofrem vários 'baques' seguidos, por diversos motivos. O que antes eram 12 mil profissionais rodando por Campo Grande, hoje são apenas 7 mil, segundo estimativa da Applic-MS (Associação dos Parceiros em Aplicativos de transporte de passageiros, motoristas profissionais autônomos de Mato Grosso do Sul).
Os motivos para essa redução de 41% dentro da categoria são diversos: pandemia, crise financeira, diminuição de passageiros, mas a grande vilã para a debandada é a gasolina, que teve aumento médio de R$ 0,07 na Capital e passa dos R$ 6. No levantamento feito pelo Jornal Midiamax, há cerca de 50 dias, antes do último aumento, o preço do combustível podia ser encontrado até por R$ 5,63. Já o máximo era de R$ 5,94 e a média estava na casa dos R$ 5,69.
Desde 2019, quando Campo Grande vivia o auge dos aplicativos, o preço da gasolina subiu 44%, passando da média de R$ 4,08 para R$ 5,90.
O combustível que move os carros, principal ferramenta de trabalho da categoria, é também para onde vai a maior parte do lucro que o profissional tem. "O motorista abastecendo R$ 100 daria 17 litros de gasolina, dando para umas 15 ou 16 viagens. Ganhando aproximadamente R$ 180. Menos os R$ 100 de combustível sobraria de R$ 80 a R$ 90 livre ao profissional", explicou Paulo Pinheiro, um dos representantes da categoria em Campo Grande.
"Só para você ter uma ideia: numa corrida de 10 km ela [empresa de mobilidade urbana] nos paga R$ 11. Menos R$ 5,50 de gasolina, menos 25% da taxa, nos sobra R$ 3,25", exemplificou Fuad Salamene, outro representante dos motoristas de aplicativo na Capital. "Para juntar algum valor bom temos que fazer de 25 a 30 corridas em umas 12h de trabalho", continuou. Segundo ele, de R$ 300 ganhos em corridas, o motorista gasta R$ 120 de gasolina.
Como mostrou reportagem do Jornal Midiamax, do número de motoristas que rodavam na cidade, pelo menos 30% trocou o veículo de quatro rodas pelo de duas e viraram motoentregadores.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!