Figura destacada na região, o avião em que chegou à cidade aparece em fotografias e modelos de pequenas aeronaves também podem ser vistas no interior do Museu Municipal que leva seu nome.
O gaúcho Júlio Alves Martins, considerado o fundador de Chapadão do Sul, morreu na tarde do último sábado, dia 13 de junho, aos 91 anos. Agricultor que desbravou a área e iniciou um povoado, Júlio dividia a vida dedicada ao agronegócio com a paixão pela aviação. Foi de avião que ele chegou até as terras que hoje formam a cidade, sozinho, em 1972.
Figura destacada na região, o avião em que chegou à cidade aparece em fotografias e modelos de pequenas aeronaves também podem ser vistas no interior do Museu Municipal que leva seu nome. Frequentemente visto nos trajes típicos do gaúcho, a exemplo do lenço vermelho no pescoço, ele hoje é velado no CTG (Centro de Tradições Gaúchas) da cidade.
Na frente do Museu, um busto em bronze, homenagem dos filhos no ano 2000, guarda para sempre os contornos do fundador. O avião que trouxe Júlio até Mato Grosso do Sul também está posicionado na divisa de Chapadão e Costa Rica, outro símbolo de homenagem à ele na cidade.
Sindicato Rural, Câmara Municipal e a Prefeitura da cidade divulgam, nas redes sociais, mensagens de pesar com dizeres que homenageiam o legado de Júlio. Segundo o site Campo Grande N|ews, o executivo e legislativo municipais decretaram luto de três dias pela morte do idoso.
Até portais do Rio Grande do Sul lembram do fundador, que também deu início ao Aeroclube da cidade de Frederico Westphalen. Júlio nasceu em 1928, em Ijuí, no Rio Grande do Sul, no sítio da família e desde criança conta-se que era apaixonado por aviões. Ainda jovem fundou serviço de táxi aéreo na região.
Foi assim que resolveu apostar em Mato Grosso do Sul, local que alcançou voando. O jornalista Silvio de Andrade contou, em publicação no Facebook, que se encantou pela história do fundador e relatou um “caso” curioso sobre reportagem que escreveu. No texto, Silvio fez de Júlio um personagem e o comparou à “Sinhozinho Malta”, interpretado por Lima Duarte na telenovela Roque Santeiro, à época.
“Quando ninguém dava valor àquele vazio de cerrado, onde só nascia calango, esse gaúcho desbravador descobriu a fertilidade das terras para a agricultura e comprando o hectare por bagatela enriqueceu e levou para lá grandes produtores do Sul. Abriu fazendas e criou um núcleo urbano, onde cedia terrenos para quem sonhasse em se expandir comercialmente na onda da soja”, conta Silvio.
A oportunidade de ouro, típica ao período conhecido como “marcha para o oeste”, fez com que muitos que chegassem ao povoado apenas com mala na mão se tornassem “grandes empresário”, lembra Silvio. “Fui até a fazenda do seu Julio, situada na beira da MS-306, que demanda a Cassilândia. Muito solícito, mostrou a propriedade, sua habilidade com uma arma na mão e retirou do hangar um de seus aviões para sobrevoarmos a região”, diz.
“Logo pensei no personagem do Sinhozinho Malta, interpretado por Lima Duarte na novela Roque Santeiro, de grande sucesso na época, para retratar o grande comendador do Chapadão. Fiz uma foto dele de bombacha e chimarrão na mão ao lado dos seus aviões e do galaxy preto, idêntico ao de Sinhozinho Malta. Só não tinha aqueles chifres na frente da lataria do motor... Quando a matéria saiu, encontrei eu Julio por acaso em Campo Grande, logo depois, e ele só reclamou da comparação que fiz: Não tenho nada desse Sinhozinho Malta... Mas, vaidoso, gostou das histórias que contei, valorizando uma região que se prosperou e tem um dos melhores IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – do país”, destaca o jornalista.
“Vai com Deus, seu Julio!”, finaliza Silvio Andrade.
Júlio deixa a esposa, Zilda Martins, quatro filhos e a família que se desenvolveu na região. O fundador será velado na Fazenda onde morava com a família e onde também será enterrado, em Mausoléu particular.
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