Três dos quatro envolvidos na morte de Carlos Guilherme dos Santos Bertoldo, de 30 anos, foram identificados pela Polícia Civil de Campo Grande. O mentor do crime, identificado apenas como Bimbim, seria foragido do Sistema Prisional de Cuiabá e teria chegado na Capital duas semanas antes do crime, que ocorreu no dia 24 de janeiro, na Avenida Duque de Caxias, proximidades do Aeroporto Internacional.
Segundo o delegado Reginaldo Salomão, da Derf (Delegacia Especializada em Repressão de Roubos e Furtos), equipes buscavam pistas pelos autores do crime de latrocínio, roubo seguido de morte, até que receberam informação via Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) de que havia um rapaz ferido na Vila Popular. O jovem teria sido atendido no hospital pouco tempo após o latrocínio, então os policiais foram até a residência dele.
No local, a oeste de Campo Grande, os policiais conversaram com William de Jesus Souza, de 22 anos. O jovem negou os fatos e ainda disse que o ferimento que apresentava, no braço, era de uma queda de motocicleta. Ainda assim, os policiais desconfiaram e mostraram a foto do suspeito para a viúva de Carlos Guilherme, única testemunha do crime. Segundo delegado Salomão, a mulher chegou a desmaiar no momento em que viu a foto e reconheceu William.
Já na delegacia, o jovem continuou negando os fatos. O delegado Salomão conta que fez pedido de prisão temporária, que foi negado pelo Judiciário. Ainda durante as investigações, a mãe de William deu declaração de que o filho não saiu de casa no dia do crime, mas após o rapaz ser reconhecido pela viúva da vítima, a mulher acabou confessando que sabia que o filho estava envolvido com “coisas erradas”.
De acordo com a polícia, William acabou 'colaborando' e confessou os fatos em novo depoimento.
Mentor do crime
Segundo relato de William, 'Bimbim', que seria foragido do Sistema Prisional de Cuiabá (MT) chegou na Capital aproximadamente duas semanas antes do crime, já com intenção de roubar duas picapes e levar para o Estado de origem. Segundo o jovem, o suspeito queria revender os veículos e trocar por drogas.
Em Campo Grande, 'Bimbim' convenceu outros três rapazes a participarem do crime. Com ele estavam William, Anderson Ricardo de Arruda Silva, de 27 anos, e um adolescente de 16 anos. De acordo com o relato de William, no dia 24 de janeiro, os quatro foram até a rotatória da Duque de Caxias, na Vila Nova Campo Grande, onde viram Carlos Guilherme passar na picape Strada, branca.
Latrocínio
Ainda de acordo com o depoimento de William, os quatro suspeitos, que estavam em duas motocicletas, acompanharam a picape, até o ponto de ônibus em que Carlos estacionou, pois a esposa dele iria pegar um transporte até Aquidauana. Os assaltantes abordaram as vítimas e, a princípio, Carlos teria concordado em entregar o veículo e desceu da picape com a mulher.
Segundo William e também de acordo com relato da viúva de Carlos, apenas o rapaz de 22 anos estava armado. Bimbim tentava tirar apenas a chave da picape do molho de chaves entregue pela vítima, mas teve dificuldades. Neste tempo, William teria tentado colocar a mulher dentro da picape novamente, para levá-la após o assalto, momento em que Carlos reagiu.
De acordo com o delegado Reginaldo Salomão, quando a vítima viu William tentando colocar a mulher dentro da Strada, pegou uma faca que estava no veículo e desferiu o golpe que acertou o braço do jovem. William disparou 4 vezes, mas não atingiu Carlos e saiu correndo. Em determinado momento, ele olhou para trás e deu o último disparo, atingindo o peito da vítima, que acabou morrendo no local.
Pedido de prisão negada
Após o crime, William afirma que fugiu a pé e se escondeu em um matagal nas proximidades da Base Aérea, sendo resgatado posteriormente por um dos comparsas. O delegado Salomão fez pedido de prisão temporária novamente, após confissão do crime pelo jovem, reconhecimento pela viúva de Carlos e também confirmação do crime pela mãe de William. Contudo, o pedido foi novamente negado e o rapaz deve responder em liberdade.
Ainda de acordo com Salomão, os outros envolvidos que foram identificados, foram reconhecidos pela viúva, que voltou a passar mal ao ver o rosto dos assaltantes novamente. Todos os suspeitos devem responder por latrocínio e corrupção de menores.
“O caso está elucidado desde terça-feira (26). A família merecia uma resposta da polícia e fizemos nossa parte, mas não cabe a nós, como policiais, questionarmos a decisão judicial”, declarou o delegado. “Porém, como cidadão, que tem mulher, filhos, mãe, gostaria de ver os responsáveis presos”, finalizou Salomão.
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