Henrique de Oliveira desceu do ônibus assim que viu o acidente. ‘Tira as crianças, tira as crianças, e quando chegou perto dele, ele não tinha mais pulso”, contou.
“Tira as crianças, tira as crianças, e quando cheguei perto dele, ele não tinha mais pulso”, contou Henrique de Oliveira, de 22 anos, sobre o pedido feito, instantes antes de morrer, pelo motorista da van escolar atingida por uma árvore na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O acidente ocorreu na noite desta sexta-feira (7).
A vítima foi identificada como Ranur Pierre da Silva Carneiro. O corpo está no Instituto Médico Legal (IML) para exames.
Oliveira contou que foi o primeiro a chegar perto da van após o acidente na Avenida Nossa Senhora do Carmo. Ele retornava do trabalho no ônibus 5106. Em seguida, equipes do Corpo de Bombeiros chegaram ao local.
“Eu estava dentro do ônibus e eu escutei o barulho e viu umas explosões. Olhei pela janela e vi as árvores caídas e os carros. Eu falei com o motorista que eu era socorrista de resgate, pedi para ele abrir a porta. Cheguei, olhei a situação. Escutei o barulho dos meninos gritando dentro da van, aí escutei o motorista gritando para eu tirar as crianças”, explicou. O jovem disse que tem formação em socorrista de resgate, mas não atua profissionalmente.
Chuva volta a causar estragos em Belo Horizonte
As cinco crianças foram retiradas. “Arrebentei o cinto de segurança [da que estava presa na frente] e tirei ela lá de dentro. Aí quando eu dei a volta, infelizmente o motorista já estava em óbito”, reafirmou. Ele acompanhou os trabalhos no local até por volta das 22h e amanheceu com o sentimento de tristeza. “Triste. Ainda estou tentando entender o que aconteceu”, disse.
O empresário Leonardo Meyer também contou que ajudou no resgate e que o motorista estava muito machucado. "Quando tentei conversar com o motorista, ele não respondia nada. Estava muito esmagado, porque a árvore caiu exatamente em cima dele".
As crianças passam bem, segundo uma das famílias. “Eles não têm consciência do que infelizmente aconteceu com o motorista. Meu filho tá bem, tá ileso, nenhuma criança sofreu arranhão, nenhuma com semblante de que está em estado de choque, todas estão bem”, disse Arthur Brant.
No carro ao lado havia outras duas pessoas, que também foram retiradas. Foi preciso estourar o vidro.
A árvore que caiu era de grande porte e ficava na rotatória, no início da Rua Major Lopes. O motorista ficou preso às ferragens, e a árvore precisou ser cortada para o resgate do corpo. Os trabalhos demoraram cerca de três horas, pois a região estava energizada. A morte foi confirmada por volta das 21h40.
O tenente Sérgio Magalhães, do Corpo de Bombeiros, falou sobre as dificuldades do resgate. O acidente atingiu cabos de energia.
"A gente teve no início o acionamento apenas para uma árvore. Quando chegamos ao local é que a gente constatou que eram quatro árvores. A primeira árvore veio a puxar mais duas outras árvores e cair sobre uma quarta árvore. O nosso maior risco era retirar uma vítima que estava presa às ferragens. Somente após a atuação da Cemig é que o Corpo de Bombeiros teve condições de estar atuando", explicou. Um quinto arbusto que apresentava risco de queda foi cortado.
Falta de luz
Ao menos quatro regiões de Belo Horizonte estão sem luz na manhã desta sexta-feira (7) após a chuva que atingiu a cidade na última noite. O número de consumidores afetados ainda não foi informado. A tempestade causou estragos na cidade e uma morte na Região Centro-Sul.
Segundo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), alguns dos bairros mais afetados são Sion e Santa Efigênia, na Região Centro-Sul, e Caiçara, na Noroeste. Pampulha e Venda Nova também tem áreas com falta de luz.
Segundo a empresa, houve reforço no atendimento, mas a equipe não foi suficiente. A previsão é normalizar o fornecimento de luz ao longo do dia.
A empresa informou que durante o temporal houve a incidência de 175 raios. Os ventos foram fortes e, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), atingiram 76 km/h às 19h na Região Oeste e 55 km/h por volta das 20h na Região da Pampulha.
Em alguns bairros de Belo Horizonte, a chuva veio acompanhada de granizo.
Mais estragos
Uma árvore de grande porte foi arrancada pela raiz no bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha. O tronco e a copa tomaram conta da calçada e parte da rua. Também houve queda de arbustos em outros pontos da cidade. A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil informou ao menos 12 ocorrências.
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Prefeitura de Belo Horizonte estão nas ruas, assim como técnicos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que reparam fiações danificadas.
Também houve danos em ruas dos bairros Sion e Anchieta, onde ocorreram outras quedas, que levaram ao corte da luz e desligamento de semáforos. Na manhã desta sexta-feira (7), havia interdições na Av. Nossa Senhora do Carmo, ruas Major Lopes e Uruguai. Por volta das 7h15, foi parcialmente liberado.
O vento forte gerou outros prejuízos. Um galpão foi destelhado na Rua Mário de Melo, no bairro Alípio de Melo, na Região da Pampulha. A cobertura foi arrancada e atingiu parte da via, que foi parcialmente fechada. Já no bairro Castelo, o toldo da garagem de um condomínio não resistiu à força dos ventos.
Ainda na última noite, dois carros foram atingidos na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, na mesma região. A Avenida Afonso Pena foi fechada na altura da Praça da Milton Campos, no sentido Mangabeiras. Outra árvore caiu e atingiu carros em frente a um shopping, no centro. No bairro Floresta e Santa Teresa, a situação foi semelhante.
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