A Polícia Civil de Mato Grosso investiga como duas mulheres conseguiram dopar dois agentes prisionais e ajudar na fuga de 26 detentos da cadeia pública de Nova Mutum (a 250 quilômetros de Cuiabá). A fuga aconteceu na madrugada de quinta-feira (5) e, até a manhã de hoje, sete presos foram recapturados.

A delegada responsável pelo caso, Angelina de Andrade Ferreira, disse que as duas mulheres foram à cadeia durante a madrugada com a intenção de levar bebida para o namorado de uma delas, o detento Bruno Ojeda Amorim.

Em seguida, ficaram em frente à unidade conversando com os dois agentes que estavam de plantão. "O plano era seduzi-los. De uma forma que ainda não foi esclarecida, elas deram algo para os agentes beberem e depois abriram a grade central de acesso às celas internas", conta a delegada. Os 26 detentos saíram pela porta da frente da cadeia.

Ainda não se sabe que substância foi utilizada para dopar os funcionários. Imagens das câmeras de segurança vão ajudar a confirmar a identidade das mulheres.

Segundo a polícia, Bruno Ojeda Amorim --ainda foragido-- teria sido o autor do plano. Foi ele quem abriu as seis celas da cadeia com a chave entregue pela namorada.

O detento cumpre pena por roubo, tentativa de homicídio, formação de quadrilha e porte ilegal de arma. Além da fuga, os presos levaram três espingardas calibre 12, dois revólveres calibre 38 e munições.

Os dois agentes prisionais e o diretor da cadeia pública de Nova Mutum foram presos em flagrante e vão responder por facilitação qualificada de fuga de presos e peculato culposo (quando o funcionário público encarregado de segurança não cumpre o dever de cuidar). Eles estão na cadeia pública de Santo Antônio do Leverger, unidade que recebe servidores acusados de irregularidades.

A cadeia pública de Nova Mutum tem capacidade para 55 detentos, mas, até o momento da fuga, 74 presos estavam no local.

Caçada

Desde a fuga, uma grande operação mobiliza todas as forças de segurança de Mato Grosso. Polícias Militar e Civil e o Setor de Operações Especiais --grupo especializado formado por agentes penitenciários-- fazem buscas na região, com o auxílio de um helicóptero.

Também foi solicitado apoio à Polícia Rodoviária Federal, que reforçou a fiscalização nas rodovias.

A operação é acompanhada pelo secretário adjunto de Administração Penitenciária, coronel Clarindo Alves de Castro, que está em Nova Mutum desde a madrugada de quinta-feira. O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Márcio Frederico de Oliveira Dorilêo determinou que a segurança seja reforçada em todas as unidades prisionais de Mato Grosso.

A Secretaria busca tranquilizar a população da cidade, que tem pouco mais de 40 mil habitantes, e afirma que os presos foragidos são de menor periculosidade. A maioria cumpre pena por roubo ou tráfico de drogas.