"Não estamos no caminho para cumprir metas de mudanças climáticas e conter aumentos de temperatura", disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.
O mundo está seguindo a direção contrária para frear mudanças climáticas após outro ano de temperaturas quase recordes, disse na quinta-feira (29) o chefe da agência meteorológica da ONU.
"Concentrações de gases causadores do efeito estufa estão novamente em níveis recordes e, se a tendência atual continuar, podemos ver aumentos de 3 a 5 graus Celsius até o fim do século.
Se explorarmos todos os recursos conhecidos de combustíveis fósseis, o aumento de temperatura será consideravelmente maior", afirmou.
Dados de cinco órgãos que monitoram de forma independente as temperaturas globais e que formaram a base do relatório anual mais recente da OMM indicam que este ano deve ser o quarto mais quente já registrado.
Segundo o monitoramento, os 20 anos mais quentes já registrados ocorreram nos últimos 22 anos, sendo os quatro últimos os mais quentes de todos.
"Vale repetir que somos a primeira geração a entender completamente as mudanças climáticas e a última geração capaz de fazer algo sobre isso", disse Taalas.
Os comentários do secretário-geral da OMM apoiam as descobertas de outro órgão global de autoridade, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Em seu relatório sobre aquecimento global de 1,5°C, o órgão concluiu que a temperatura média global na década anterior a 2015 era 0,86°C acima dos níveis pré-industriais.
Entre 2014 e 2018, no entanto, esta média cresceu para 1,04 °C acima da base pré-industrial, disseram especialistas do IPCC.
"É mais do que apenas números", disse a vice-secretária-geral da OMM, Elena Manaenkova, destacando que "cada fração de um grau de aquecimento faz uma diferença à saúde humana e ao acesso a água fresca e comida".
A extinção de muitos animais e plantas também está ligada ao aquecimento global, insistiu a autoridade da OMM, assim como a sobrevivência de recifes de corais e da vida marinha.
"Isto faz uma diferença à produtividade econômica, segurança alimentar e para a resiliência de nossas infraestruturas e cidades", disse Manaenkova.
"Isto faz uma diferença à velocidade de derretimento de geleiras e fornecimento de água e ao futuro de ilhas e comunidades costeiras. Cada porção extra importa".
O relatório da OMM é parte das evidências científicas que serão usadas nas negociações sobre mudanças climáticas até 14 de dezembro em Katowice, na Polônia.
O objetivo principal é adotar diretrizes de implementação do Acordo de Paris, que busca manter o aumento médio de temperatura o mais próximo possível de 1,5°C.
Esta meta é possível, de acordo com o IPCC, mas irá exigir "mudanças sem precedentes" em nossos estilos de vida e sistemas de energia e transportes.
Destacando o impacto econômico de temperaturas globais mais altas, a OMM ressaltou que muitos países estão cada vez mais cientes de possíveis problemas.
Isto inclui os Estados Unidos, onde um recente relatório federal detalhou como as mudanças climáticas já estão afetando o meio ambiente, a agricultura, a energia, a terra e recursos de água, além de transporte, saúde da população e bem-estar.
Uma avaliação do Reino Unido recém-publicada também alertou que temperaturas de verão podem ser até 5,4°C mais altas e chuvas de verão podem ser reduzidas em até 47% até 2070.
Na Suíça, conhecida por suas montanhas e pela prática de esqui, especialistas nacionais em meteorologia alertaram mais cedo neste mês que o país pode ficar mais quente e mais seco. Além disso, o país deve ter chuvas mais intensas – e menos neve – no futuro.
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