Presidente afirma que acordo com União Europeia tem 'texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais' do bloco sul-americano.
Em aceno aos europeus, o presidente Lula (PT) fez um discurso permeado de defesa ambiental na reunião de líderes do Mercosul nesta sexta (6) em Montevidéu. "Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança dos nossos produtos."
Foi um recado às alegadas preocupações europeias com a agenda climática sul-americana e ao recente caso do Carrefour, quando a rede francesa disse que não mais venderia a carne oriunda do bloco sul-americano e depois de forte oposição teve de recuar.
"Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com o Acordo de Paris", seguiu o petista.
Ele celebrava a enfim conclusão das negociações do acordo de livre-comércio com a União Europeia. "O acordo que finalizamos hoje é bem diferente do de 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis."
O presidente afirmou que o Brasil deve propor uma ideia de "Mercosul Verde", que em suas poucas palavras se resumiria a um programa de cooperação para a agricultura de baixo carbono e a promoção de exportações agrícolas sustentáveis. Não há detalhes.
Pediu, ainda, que seus pares no Mercosul e os parceiros da União Europeia apresentem metas climáticas robustas para a COP 30, que será realizada em Belém. Disse: "Nosso bloco tem uma oportunidade histórica de liderar a transição energética e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas."
Lula havia sido elogiado mais cedo por sua agenda climática pela líder da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. Da maioria de seus atuais pares no Mercosul, ele vê preocupações semelhantes com a emergência climática, menos de um deles, a Argentina.
O governo de Javier Milei secundariza a agenda, e o próprio presidente ultraliberal já disse que não há relação entre a ação humana e o aquecimento global, contrariando a ciência. A Casa Rosada esvaziou a última cúpula climática da ONU, em Bakú, retirando sua equipe.
Mas, mesmo pela relevância desse tema para o acordo comercial com a União Europeia, Milei afirma taxativamente que não sairá do Acordo de Paris. Cogitou-se isso após seu aliado Donald Trump vencer as eleições nos EUA e sinalizar que abandonará o acordo novamente.
De Brasília, coube ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) marcar oposição à manifestada resistência de algumas partes da UE.
Ele disse esperar que essa questão "esteja resolvida": "O acordo é sempre um ganha-ganha, mas onde você abre mão de alguma coisa, ganha de outro lado, tem uma vantagem comparativa aqui, tem uma dificuldade ali, mas acho que vamos superar".
Pouco antes, a ministra de Comércio Exterior da França, Sophie Primas, havia dito que seu país "lutará em cada passo ao lado dos Estados-membros que compartilham sua visão [crítica ao acordo]".
Segundo Alckmin, que também é ministro do Mdic (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), as exportações da agricultura podem crescer 6,7%; serviços, em 14,8%; e as vendas da indústria de transformação, devem aumentar em 26%.
"É o maior acordo entre blocos de todo o mundo. Nós estamos falando de mais de 700 milhões de pessoas", seguiu o vice de Lula.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se manifestou sobre o assunto. Afirmou que o acordo de livre-comércio inaugura a possibilidade de "engrandecimento singular das relações comerciais entre os países integrantes dos blocos".
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!