Caso aconteceu no Paraná
Um morador de Mundo Novo, a 462 quilômetros de Campo Grande, passou 21 dias preso no estado do Paraná depois que ser acusado injustamente por tráfico de drogas. A confusão aconteceu depois que ele foi parado em uma fiscalização na BR-163 e surpreendido com pacotes de um herbicita, que o narcoteste da PRF apontou como sendo cocaína.
A história, que parece mais cena de novela, aconteceu no início deste mês em Quatro Pontes, no Paraná. No dia 3 de agosto, a vítima, Paulino Gregório dos Santos, de 57 ano, saiu de Mato Grosso do Sul para buscar o filho no aeroporto de Cascavel, mas no caminho foi parado em um posto policial da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Paulino conduzia a caminhonete do filho, que foi vistoriada pelos policiais. No banco de trás, eles encontraram três pacotes de um ‘pó branco’, semelhante a cocaína. O motorista explicou que na verdade o produto era um herbicita, usado por ele para acabar com ervas daninhas na casa do filho.
Um teste foi feito e apontou que o ‘pó desconhecido’ era na verdade cocaína. O homem foi preso, levado para a Delegacia Regional de Marechal Cândido Rondon e em seguida transferido para a cadeia pública da cidade. Só horas depois, sem nenhuma notícia do pai, Elizeu Gregório, de 34 anos, que voltava de um curso de especialização para pilotos no Rio de Janeiro, descobriu sobre a prisão.
“Fui na delegacia e conversei com o delegado. Fui eu quem comprou o herbicita, tenho nota fiscal, tudo certinho. Eram cinco pacotes, meu pai usou dois na minha casa e levava os outros três para usar na casa dele, em Toledo (PR)), explicou. Desde o momento da prisão, a família de Paulino se concentrou em um único objetivo, provar sua inocência.
O pedido para um novo exame foi feito e desta vez a ‘cocaína’ apreendida foi enviada para o polícia cientifica do Paraná. O resultado comprovou o que desde o momento da prisão Paulino tentava explicar: a substância era na verdade Roundup WG, um herbicita comparado com facilidade por produtores rurais.
A confusão teria acontecido por conta de uma substância encontrada tanto no herbicita, quanto na cocaína, o glifosato. “Não sei quem errou. Mas assim como aconteceu com a gente, pode ter acontecido com outras pessoas pelo Brasil, que não tiveram a chance de provar a inocência”.
Com os laudos em mãos, o juiz da Vara Criminal de Marechal Cândido Rondon expediu o alvará de soltura em nome de Paulino. No dia 24 de agosto ele foi liberado, mas até que tudo fosse resolvido, e sua inocência comprovada, o homem permaneceu em uma cela de capacidade para 25 pessoas, com outros 98 internos.
“Meu pai dormia no chão, é um lugar precário. Ele está traumatizado, não se alimenta mais normalmente. Não pensei que ele fosse ficar tão traumatizado assim”, contou Elizeu. Além dos danos psicológicos, o piloto lembra que na procuro por ‘mais material ilícito’, os policiais danificaram a parte interna da caminhonete.
“Vamos entrar com o requerimento para reparação dos danos do veículo e gastos com o advogado e também por danos morais, uma vez que meu pai passou 21 dias presos e foi exposto nas redes sociais e na imprensa como quem portava cocaína. Isso manchou a imagem dele e da nossa família”. Ainda assim, Elizeu destaca que desde a Polícia Civil, até a liberdade do pai, as equipes fizeram um reforço anormal para agilizar o processo.
Em nota a PRF reconheceu o erro e afirmou que essa foi a primeira vez no Brasil que o narcoteste apontava um ‘falso positivo’. A instituição explicou ainda que o procedimento tem caráter preliminar e que a identificação definitiva da substancia é feita pela perícia, depois que a ocorrência é encaminhada para a Polícia Civil. (Matéria editada às 10h17 para acréscimo e correção de informações)
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