Estamos num mundo onde a imediatez faz parte do nosso evangelho. As tecnologias nos deram grande benefício e uma ansiedade desmesurada por mudanças e novidades. O futebol não está alheio a isso. Queremos ver a estreia de jovens talentos com a mesma rapidez que exigimos deles um rendimento imediato. Gostamos do atrevimento, mas nos cansa a pouca maturidade.

A culpa deste precipitado processo está dividida. Evidentemente, a parte maior para quem tem o poder de dirigir a evolução correta de um jogador. Pais e representantes querem um rápido benefício econômico. Aos familiares, lhes diria que a obrigação é dar, nunca receber. Aos agentes, que busquem a 'rentabilidade' duradoura a longo prazo.

Treinadores com o egoísmo de colocar os nomes na estreia do jogador. Se o atleta vai bem, fui eu que o lancei. Se vai mal, não tenho culpa e ninguém se lembrará.

Dirigentes que vendem uma política de formação de jovens valores. Muitas vezes querem produzir negócio na venda dos jovens a grandes ligas. Dirigentes de grandes organizações, que enxergam no jogador uma fonte de ingressos corporativos.

Jornalistas ávidos por grande notícias. Endeusam com a mesma que desprezam posteriormente.

Torcedores, que como um circo romano, querem ver a destruição de deuses.

E o próprio jogador, envolvido nesta espiral, sem formação futura e inapto pela idade a nadar contra a corrente.

Resultado. Muitas estreias de jovens talentos e poucos finais de carreira com idades maduras. Muitas desistências no caminho. Nenhum culpado, com certeza. E a vida do esportista, acima dos 40 anos, muitas vezes sem completar uma formação acadêmica. Um drama!

Que façamos e completemos as etapas do desenvolvimento o esportivo, acadêmico e humano de um jogador. Sejamos pacientes. Messi e Cristiano Ronaldo são exceções. As regras são todos os outros.