Pacientes paralisados movem perna com estímulo elétrico na medula
Homem de 42 anos, que estava paralisado, conseguiu movimentar voluntariamente suas pernas graças aos estímulos elétricos. / Foto: Edgerton Lab/UCLA

Uma técnica que envolve estímulos elétricos na medula espinhal fez com que pacientes paralisados conseguissem movimentar voluntariamente as pernas de maneira coordenada. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) publicaram os resultados do procedimento, testado com sucesso em quatro voluntários paralisados, na revista "Journal of Neurotrauma" nesta quinta-feira (30).

Os pacientes, que tinham de 19 a 56 anos, estavam paralisados por pelo menos dois anos depois de sofrerem lesões na coluna vertebral durante atividades esportivasfísicas e, em um caso, durante um acidente de carro.

Eles passaram por sessões semanais de 45 minutos de treinamento que combinava fisioterapia e estímulos elétricos durante 18 semanas. Durante 4 semanas, eles também receberam doses diárias de buspirona, medicamento que imita o efeito da serotonina e mostrou-se eficaz para estimular o movimento de  camundongos com lesões na medula espinhal.

Depois do tratamento, eles foram capazes de movimentar voluntariamente as pernas, de forma coordenada, enquanto recebiam estímulos elétricos feitos por eletrodos fixados na pele, em locais estratégicos da coluna vertebral.

"O fato de eles terem recuperado o controle voluntário tão rapidamente deve significar que eles tinham conexões neurais que estavam dormentes, que nós reativamos", disse o pesquisador que liderou a pesquisa, Reggie Edgerton.

Um feito semelhante foi obtido pelo mesmo grupo no ano passado, porém a estratégia envolvia uma cirurgia para implantar eletrodos.
Esta foi, portanto, a primeira vez que uma estratégia não invasiva permitiu que pacientes paralisados realizassem esse tipo de movimento.

Os pesquisadores ainda não sabem se esses pacientes poderão continuar a desenvolver esses movimentos a ponto de conseguirem andar sozinhos, mas consideram que o avanço já é significativo.

A pesquisa foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH).

"O potencial de oferecer uma terapia capaz de mudar a vida de pacientes sem precisar de cirurgia seria um grande avanço; poderia expandir muito o número de indivíduos que podem se beneficiar de estimulação espinhal. É um exemplo maravilhoso do poder que advém da combinação de avanços na pesquisa de biologia básica com inovações tecnológicas", diz Roderic Pettigrew, diretor do Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia do NIH.