
Pai dos gêmeos siameses separados em Goiânia, o professor Delson Brandão publicou nas redes sociais, na noite de segunda-feira (16), uma foto do filho que sobreviveu à cirurgia, Heitor Rocha Brandão, de 5 anos, com um desenho pintado pela criança. A imagem, inclusive, tem a assinatura do menino. O pai também escreveu na publicação: "Além de lindo, guerreio e forte, ele é um artista. Meu amor, minha vida!".
Heitor segue internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Materno Infantil (HMI). Segundo boletim médico divulgado na manhã desta terça-feira (17), Heitor tem quadro estável e sem febre. Ele respira com auxílio de oxigênio inalatório e se alimenta de dieta líquida. Não há previsão de alta.
O menino está internado na UTI do hospital desde a cirurgia de separação de seu irmão, Arthur, no dia 24 de fevereiro. Três dias depois, o irmão sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu. Ele foi enterrado em Botuporã, na Bahia, cidade em que mora a avó paterna.
Caso
Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, a mãe dos siameses, Eliana Ledo Rocha Brandão, veio a Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália.
Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuaram no Nordeste.
Antes da cirurgia, Eliana afirmou que, apesar das restrições físicas, os filhos não possuíam nenhum problema cognitivo. Com personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com a cirurgia, segundo a mãe. "Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da permissão do outro", disse a mãe antes do procedimento.
Desde que nasceram, eles eram preparados para a cirurgia de separação. Os siameses passaram por 15 procedimentos cirúrgicos, entre eles alguns para implantação de expansores no corpo para que tivessem pele suficiente para a separação. Os meninos só alcançaram as condições necessárias para a cirurgia neste ano.
Segundo o pai dos gêmeos afirmou no último dia 2 de março, o filho sobrevivente não perguntou mais do irmão após sua morte. Em um texto postado em uma rede social, ele diz acreditar que o filho "sabe ou sente" que o irmão não está mais ali e que só vai contar o que ocorreu quando Heitor questionar onde está o irmão.
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