PF desmonta núcleos do tráfico na Reserva Indígena
Delegados Marcelo e Leonardo, da PF, e o Coronel PM Carlos Silva. / Foto: Hedio Fazan

A Polícia Federal atacou núcleos do tráfico de drogas na Reserva de Dourados com o apoio da Polícia Militar, na última sexta-feira. A operação denominada “Tekohá II” (lugar físico) apreendeu drogas como maconha e crack, munições, uma balança de precisão, além de armas de fogo como espingardas e uma garrucha (arma de fogo de cano curto). Uma pessoa foi presa por posse ilegal de arma. A operação envolveu 77 policiais federais, 20 PMs e quatro cães farejadores. Tudo foi coordenado pelo Setor de Operações da PF.

Em coletiva com a imprensa, os delegados da PF, Leonardo de Souza e Marcelo Henrique de Araújo, além do coronel PM Carlos Silva, disseram que o combate ao tráfico na Reserva deve ocorrer de forma integrada entre as forças policiais tenho em vista o grau de dificuldade maior nas investigações e prisões. Isto porque, segundo eles, além de funcionar como tráfico “formiguinha” - aquele em que o traficante vende em pequenas quantidades e o flagrante nem sempre caracteriza tráfico e sim uso -, a atuação dos policiais na Reserva é mais complicada devido às características físicas dos agentes, que não são indígenas e facilmente são reconhecidos pelas organizações criminosas.

Para dar agilidade aos trabalhos, a Operação dividiu a reserva em nove regiões. Em quatro delas, as apreensões ocorreram em residências. Em outras cinco, os núcleos eram maiores e compostos também por casas de parentes do alvo principal investigado, que também auxiliam na comercialização destes entorpecentes.

“Geralmente nestas áreas maiores, eles costumam ter bares que são as formas utilizadas para a comercialização de entorpecentes. Também foi relatado por indígenas de que são nestes locais em que o comprador chega para adquirir o produto e também para comercializar drogas”, destaca Leonardo, observando que a bebida alcoólica ainda é o maior fator causador de violência nas reservas, porém venda e consumo são legalizados.

Segundo Leonardo, a operação atendeu a um pedido da comunidade indígena. Conforme ele, alguns dos envolvidos na “Tekohá I” foram novamente alvos da segunda fase da operação. Ninguém foi preso por tráfico porque a quantidade de droga apreendida caracterizou consumo. “Temos que ressaltar o efeito pedagógico que a operação causa porque ela inibe o tráfico e consequentemente a violência”, destacou

PM ENTRARÁ NA ALDEIA

O coronel Carlos Silva adiantou que a PM atuará de forma ostensiva na Reserva Indígena de Dourados, conforme tratativas que ocorrem entre o governo do Estado e União. O objetivo é coibir todo o tipo de criminalidade utilizando todas as forças de segurança. “Estas pequenas apreensões de drogas, como ocorrem na Reserva, previne crimes como furtos, roubos, o homicídio e as agressões”.

A PM aguarda apenas a oficialização de um convênio entre a União e Estado que garantirá novas viaturas e aulas de cultura indígena aos policiais para iniciar os trabalhos.