O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi levado nesta quinta-feira pela Polícia Federal para prestar depoimento como parte de nova fase da Operação Lava Jato, na qual ele figura entre 11 suspeitos de operar esquemas de corrupção, informaram autoridades responsáveis pela investigação.
"Nós queremos saber informações a respeito de doações que ele solicitou, legais ou ilegais, envolvendo pessoas que mantinham contratos com a Petrobras", disse a repórteres o procurador-regional da República Carlos Fernando Lima, sobre o tesoureiro do partido.
A PF deu início na manhã desta quinta a mais uma etapa da operação, que investiga lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos, principalmente em contratos e obras da Petrobras.
Cerca de 200 policiais federais, com apoio da Receita Federal, cumpriram 62 mandados judiciais, incluindo prisões e busca e apreensão, em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina. O operação fez buscas em 26 empresas, a maior parte delas de fachada, segundo a PF.
Dos 11 operadores que compõem um novo núcleo de investigações, dez foram alvo de condução coercitiva, entre eles Vaccari, e um foi preso preventivamente.
"Tão poderoso quanto (o doleiro Alberto) Youssef seriam poucos (operadores), mas efetivamente são pessoas com muitas relações com agentes públicos, principalmente dentro da Petrobras", disse Lima.
Os operadores atuavam na intermediação entre pagamento de recursos desviados de empreiteiras e agentes públicos, explicou a Polícia Federal.
O PT disse que não vai se manifestar sobre a condução de Vaccari para prestar depoimento.
Segundo os investigadores, a operação desta quinta-feira teve desdobramentos também para a BR Distribuidora, controlada da Petrobras.
Policiais fizeram buscas e apreenderam grande quantidade de dinheiro em endereços de uma empresa em Itajaí (SC).
"É uma empresa de construção de tanques de combustível e também de caminhões tanque. Ela tem contratos com a BR Distribuidora. É uma segunda vertente de investigação", afirmou o delegado da PF Igor Romário de Paula.
Segundo o Ministério Público, os desvios envolvendo a BR Distribuidora ocorreram até 2014.
"O início desses acontecimentos não temos bem claro. A importância desse fato é que desta vez estamos trabalhando fora das diretorias de Serviços, Abastecimento ou Internacional. Estamos trabalhando com a BR Distribuidora. Também estamos trabalhando com fatos que aconteceram até o ano pasado", disse Lima.
Trata-se da nona etapa da Lava Jato, que contou agora também com informações obtidas com a colaboração de um dos investigados, além da denúncia apresentada por uma ex-funcionária de uma das empresas investigadas, disse a PF.
Fases anteriores da Lava Jato já resultaram nas prisões dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, e de altos executivos de importantes empreiteiras do país.
A Petrobras, que está no centro de um escândalo bilionário de corrupção, comunicou na quarta-feira a renúncia da presidente Maria das Graças Foster e de cinco diretores. A decisão surpreendeu integrantes do governo, uma vez que a saída da diretoria estava prevista para o fim do mês.
Em comunicado, a empresa informou que novos executivos serão eleitos na sexta-feira em reunião do Conselho de Administração, em São Paulo.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!