Depois de ativista chamar app de 'apavorante', desenvolvedores decidiram remover software que criar falsos nus, dizendo que 'probabilidade de as pessoas usarem-no de forma indevida é muito alta'.

Por que criadores decidiram encerrar aplicativo que
  Aplicativo poderia tornar qualquer mulher uma vítima de pornografia de vingança, disse ativista / Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Um aplicativo que anunciava ser capaz de remover digitalmente roupas em fotos de mulheres para gerar falsos nus foi tirado do ar por seus criadores.

O aplicativo Deepnude, que custava US$ 50 (R$ 191), ganhou atenção e críticas depois de um artigo publicado no site de notícias de tecnologia Motherboard.

No texto, uma ativista contra a chamada pornografia de vingança chamou a ferramenta de "apavorante".

Os desenvolvedores então decidiram remover o software da web dizendo que o mundo não estava pronto para ele.

"A probabilidade de as pessoas usarem-no de forma indevida é muito alta", escreveram os programadores em uma mensagem no Twitter. "Não queremos ganhar dinheiro dessa maneira."

Eles disseram que qualquer pessoa que tenha comprado o aplicativo receberá um reembolso, acrescentando que não haverá outras versões disponíveis e retirando o direito de qualquer outra pessoa de usá-lo.

Os desenvolvedores também pediram que os internautas que já tenham uma cópia não a compartilhem, embora o aplicativo ainda funcione para qualquer um que o possua.

Vítimas da vingança

A equipe disse que o Deepnude foi criado como "entretenimento" há alguns meses e oferecido - em modelos para Windows e Linux - em um site.

O programa estava disponível em duas versões: uma gratuita que colocava grandes marcas d'água sobre as imagens criadas e uma versão paga que acrescentava um pequeno selo de "falso" em um canto da foto.

Em sua declaração, os desenvolvedores também disseram: "Honestamente, o aplicativo nem é tão bom, só funciona com fotos específicas".

Apesar disso, o interesse gerado pelo artigo do Motherboard levou o site do app a sair do ar depois que muita gente tentou baixar o software ao mesmo tempo.

Em entrevista ao Motherboard, Katelyn Bowden, fundadora do grupo Badass, que combate pornografia de vingança, chamou a ferramenta de "apavorante".

"Agora qualquer uma pode se ver vítima de pornografia de vingança, sem nunca ter tirado uma foto nua", disse. "Esta tecnologia não deveria estar disponível ao público."

O programa supostamente usa redes neurais artificiais - baseadas em inteligência artificial - para remover roupas em imagens de mulheres e produzir nus realistas.

As redes foram treinadas para descobrir onde as roupas estão em uma foto, mascará-las ao combinar tons de pele, iluminação e sombras e, em seguida, preencher o mesmo espaço com as características físicas estimadas.

A tecnologia é similar à usada para criar os chamados deepfakes, em que fotos e vídeos são manipulados para produzir clipes falsos, nos quais, por exemplo, o rosto de uma pessoa é inserido no corpo de outra.

(Informações coletados do portal Terra)

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