Captação de leite em MS teve leve variação negativa neste ano, em relação aos 9 primeiros meses de 2023.

Preço do leite ao produtor em setembro se mantém em alta
Gado da raça girolando criado a pasto em unidade da Embrapa, em integração com florestas. / Foto: Arquivo/Embrapa

Como esperado pelos agentes do setor, o preço do leite captado em setembro seguiu em alta. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em setembro, a “Média Brasil' fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro).

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Em setembro de 2024, o preço do leite no Brasil aumentou para R$ 2,8657 por litro, refletindo uma alta de 3,3% em relação ao mês anterior e 33,8% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Apesar do aumento, a captação de leite em Mato Grosso do Sul caiu 0,52% no acumulado de janeiro a setembro em relação ao ano anterior, totalizando 124,24 milhões de litros. A competição entre indústrias e cooperativas tem elevado os preços, mas há uma expectativa de que essa valorização não se mantenha por muito tempo devido a uma possível queda nas cotações dos derivados lácteos e no leite spot a partir da segunda quinzena de outubro.

Em Mato Grosso do Sul, a cesta de produtos lácteos (leite spot, leite pasteurizado, leite UHT e muçarela) como um todo teve uma variação de 0,92% no mês de setembro/2024 comparado a agosto. Em relação ao mesmo mês do ano passado (2023), obteve-se uma diferença de 8,51 pontos percentuais. O Índice do Leite é elaborado mensalmente pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) com colaboração da Sefaz-MS (Secretaria de Fazenda), que coleta as informações.

Entre todos os produtos da cesta de lácteos em MS, o litro do leite UHT foi o item que apresentou maior variação – de 4,11% em setembro/2024 – variação maior do que o verificado para o mês anterior (ago/2024), quando se registrou -2,43% de variação.

Captação de leite caiu em MS

Segundo Boletim Casa Rural – Bovinocultura de Leite, elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), a captação de leite em Mato Grosso do Sul, janeiro a setembro de 2024 totalizou 124,24 milhões litros, foi 0,52% menor que o mesmo período de 2023 quando foram captados 124,89 milhões de litros de leite.

Foram levantadas informações de 1.252 produtores atendidos pela ATeG em Bovinocultura de Leite em MS. Desses, 63% comercializavam leite para industrias e 37% produzem derivados lácteos. A média do preço do leite recebido por esses produtores foi de R$ 2,36, abaixo da 'Média Brasil'.


Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 36,4% desde o início de 2024 (na Média Brasil), a média de janeiro a setembro deste ano (de R$ 2,58/litro) é 4,7% inferior à do mesmo período de 2023. Em MS, na relação entre setembro deste ano com o mesmo período do ano passado, o preço do leite valorizou 34,15%.

Competição entre indústrias eleva preços

A valorização do leite cru em setembro se explica pela maior competição dos laticínios e cooperativas na compra de matéria-prima – num contexto em que a oferta vinha crescendo de forma lenta, devido ao clima mais seco (sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste) e aos estoques de lácteos em volumes abaixo do normal.

Segundo relatório do Cepea, mesmo com as adversidades climáticas, a captação de leite em setembro seguiu em alta por conta da estratégia das indústrias em assegurar volume para reabastecer seus estoques.

Porém, o movimento altista pode não perdurar por muito tempo. O avanço da captação e o recuo nas cotações dos derivados e do leite spot a partir da segunda quinzena de outubro fortalecem a perspectiva de que os preços no campo em outubro possam apresentar viés de queda.